“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O MANUSCRITO, O SCHOLAR, E A ROUPA-SUJA.


Esta postagem é baseada em um artigo publicado na revista WORLD, por Caroline Leal, em Março de 2013, do qual foi extraído o título acima. Segundo o artigo, a descoberta de um antigo manuscrito de C. S. Lewis, encontrado entre as páginas de um pequeno caderno de anotações em uma das mais antigas bibliotecas da Europa, está lançando nova luz sobre a visão da comunicação deste famoso autor.

De acordo com a revista, em 2009, um professor da Universidade do Estado do Texas resolveu um mistério literário envolvendo dois dos mais conhecidos autores do século XX, - C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien – os quais haviam planejado, na década de 40, escrever um livro que seria intitulado: A Linguagem e a Natureza Humana. Contudo, a obra, embora tenha sido agendada para publicação em 1950, nunca foi concluída. Os estudiosos achavam que a obra nunca havia sido sequer iniciada, até que o Dr. Steven Beebe – professor regente e presidente do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual do Texas – descobriu as páginas introdutórias de um manuscrito nunca antes publicado de C. S. Lewis na Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford.

O fragmento cobria apenas oito páginas de um pequeno caderno no qual Lewis escrevera a palavra “Rascunhos”.  Após sete anos de pesquisas, no verão de 2009, Beebe tornou pública a alegação de que o manuscrito encontrado era o início deste projeto de obra conjunta de Lewis e Tolkien. Sendo um scholar internacionalmente renomado sobre C. S. Lewis, e um especialista em comunicação, Beebe falou à Revista WORLD sobre o seu achado, e discutiu como, quatro anos após ele ter anunciado a sua descoberta, este manuscrito continua a instigar e a informar o mundo literário.

Ao responder à pergunta sobre como ele se interessou por C. S. Lewis e por Tolkien, o renomado professor afirma ter lido, em 1993, uma biografia sobre Lewis “o excêntrico, o brilhante, o mestre, o erudito, o intelectual e poético Lewis” e somente a sua vida foi suficiente para lhe cativar. Ele começou a ler os seus livros e, ao perceber o quanto Lewis tinha a dizer sobre a linguagem, o sentido e as palavras, o seu interesse nele, como teórico da comunicação, se desenvolveu cada vez mais. Segundo o professor, o seu interesse por Tolkien é apenas derivado do seu interesse por Lewis, no que diz respeito à sua influência sobre esse autor. Ele afirma não ser um estudioso de Tolkien pois, em suas palavras, “ainda não consegui me desvencilhar de Lewis, ou, Lewis ainda não se desvencilhou de mim.”

O estudioso afirma que o manuscrito, na realidade, não estava perdido, mas simplesmente ninguém havia realmente percebido a sua significância. “Não é tanto que eu o encontrei, e sim que eu o identifiquei. Ao começar a ler o manuscrito em 2002, a primeira sentença dizia: ‘em um livro como este, nós deveríamos começar no início das origens da linguagem...’, e então ele continua dando definições de significado, que é exatamente a minha praia. É sobre isso que eu escrevo, estudo, ensino – linguagem, sentido, comunicação”, afirma Beebe.

Contudo, foi apenas em 2009 que o estudioso veio a perceber que o manuscrito era o início do projeto de livro planejado por Lewis e Tolkien. O professor diz que já havia transcrito e citado o manuscrito em seus artigos e obras, mas não conhecia o seu contexto. Essa conexão só foi estabelecida em 2009, quando a sua máquina de lavar-roupas quebrou. Então ele e sua esposa foram a uma lavanderia e, na saída, ele levou consigo o excelente volume de Diana Glyer, “The Company They Keep” para ler enquanto esperava. Ele estava lendo sobre a colaboração entre Lewis e Tolkien, e Diana estava descrevendo o livro que eles planejavam co-autorar sobre a natureza da linguagem. Foi então que ele parou no meio da leitura e foi como uma “Eureka”. Em suas próprias palavras: “Eu lembro de estar lá sentado, olhando para a minha roupa girando na secadora quando eu pulei da cadeira e disse: ‘Eu sei o que é! Eu sei o que aquele manuscrito é!’. Eu fui para casa e então eu pude ver, referências como ‘os autores acreditam’ e ‘pensamos nós’ evidenciam que este é aquele livro que Lewis e Tolkien planejavam escrever juntos.”

A revista WORLD pergunta ao professor qual seria o porquê do livro nunca ter sido completado, ao que Beebe responde que, na mesma época, Lewis estava escrevendo as Crônicas de Nárnia e Tolkien estava trabalhando no Senhor dos Anéis. Ambos estavam ocupados com outros projetos. Por isso o manuscrito é composto por apenas oito páginas escritas à mão, por Lewis, e o pensamento de Tolkien realmente não está presente ali, é apenas o começo de Lewis.

Desde então, o professor tem escrito e publicado artigos e comentários revelando e provando a sua descoberta, os quais tem sido amplamente aceitos no seu meio acadêmico e literário. Além disso, Beebe está trabalhando em um volume sobre C.S. Lewis e a comunicação, ao qual ele pretende separar um “ano de descanso” dos seus demais afazeres, para poder se dedicar melhor ao cumprimento desta obra.   

Segundo o estudioso, ao iniciar os seus cursos sobre Lewis na Universidade de Oxford, ele sempre começa perguntando aos alunos duas questões. A primeira é: “O que C. S. Lewis disse sobre a comunicação?” E a segunda é: “O que C. S. Lewis fez para tornar-se um excelente comunicador?” Estas duas perguntas serão o foco principal da sua obra. O manuscrito encontrado ajuda a responder à primeira pergunta, visto que trata especificamente de língua e semântica, contudo, a contribuição do seu livro pretende ser como nós podemos aplicar estes insights para nos comunicarmos efetivamente, assim como fez Lewis.

A obra parece ser de grande relevância para todos aqueles interessados no campo da linguagem e da teoria da comunicação, bem como a todos os fascinados pelas obras e pelas habilidades literárias e comunicativas de C. S. Lewis. Aguardemos a sua publicação!           

 

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