“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O Livro da Queda- História 7: O REMORSO


 

História 7

O REMORSO

Vamos imaginar que um menino está sozinho em um quarto da casa onde mora, e ele sabe que num armário perto da janela havia um dinheiro que pertencia a seu pai. Então um pensamento mau vem à sua mente, de que ele sabe onde está a chave que pode abrir o armário, e que ele poderia tirar um pouco do dinheiro dali, sem ninguém saber. Ele pensa em todas as coisas bonitas que ele poderia comprar com aquele dinheiro, e como elas o fariam feliz. Ele acaba cedendo à tentação. Ele abre o móvel, toma um dinheiro, e desce para a sala, tentando parecer como se nada tivesse acontecido.

Ele passa o dia inteiro em casa e não pode sair para gastar o dinheiro. Quando chega a noite, ele vai para a cama, como sempre, na hora normal, e para que ninguém veja o dinheiro no seu bolso, ele o esconde numa gaveta, onde ele pensa que estará seguro até de manhã.

Você acha que ele vai orar a Deus aquela noite, antes de se deitar para dormir? - Não, ele não vai querer orar enquanto ele quiser ficar escondendo esse dinheiro. Mas ele irá se sentir infeliz, e ainda mais se essa for a primeira vez que ele rouba alguma coisa.

Existem várias coisas que lhe farão sentir tão triste. Ele iria ficar com vergonha do que fez, de pensar que ele estaria sendo um ladrão, até mesmo roubando dinheiro do seu próprio pai, que tem sido tão bom para ele.

Ele também vai ter um forte medo de ser pego, e de ter que passar vergonha e ser castigado.

Ele também iria sentir que o que ele fez é errado - que ele é culpado de ter feito algo muito terrível - que Deus sabe o que ele fez, e que ele não pode escapar da desaprovação de Deus. Ele iria sentir também que ele mereceu essa desaprovação, e que cedo ou tarde ele terá que pagar pelo que fez.

Esses pensamentos e sentimentos que lhe vêm na hora dele se deitar iriam deixar o menino tão agoniado que ele talvez nem iria conseguir dormir, de tão angustiado que estaria se sentindo.  

Esses pensamentos e sentimentos que vêm depois que uma pessoa faz alguma coisa errada, quando ela está pensando sobre o que fez  - isso é chamado de remorso. - Eu acho que você sabe o que é isso. Pois mesmo que você talvez nunca tenha roubado nada, com certeza você já fez coisas mesmo sabendo naquele momento que eram erradas, e então você se sentiu muito triste depois ao pensar no que você fez.

Às vezes esse remorso é tão grande nas pessoas que roubaram, ou mesmo nas pessoas que mataram outras, que eles foram confessar a sua culpa e se entregaram para serem punidos, mesmo quando ninguém sequer suspeitava deles.

Nada causa tanto sofrimento nesse mundo como o remorso; e ele vai ser uma das principais causas dos sofrimentos das pessoas que forem para o inferno.

Adão e Eva sentiram esse remorso muito profundamente depois que eles comeram do fruto proibido. Eles sentiram a sua vergonha e a sua culpa. Eles sentiram como tinham sido ingratos e desobedientes ao seu Pai Celeste e bondoso. Eles ficaram com medo de se encontrar com Ele. Eles ficaram apavorados com a desaprovação de Deus. Eles tremeram só de pensar na punição que Deus havia ameaçado, e que eles sabiam que mereciam.  - Eles lamentaram a sua tolice ao terem acreditado no que Satanás lhes disse. Eles descobriram que eles realmente conheciam agora tanto o bem como o mal, mas de uma maneira muito diferente do que Satanás havia prometido e do que eles haviam esperado.

Sentindo-se miserável ao olhar para trás, ao que haviam feito, e ao olhar para o sofrimento que lhes esperava, não havia nada que podia lhes fazer feliz; nada neles mesmos, nada no jardim tão bonito que estava ao seu redor, nem em Deus, caso Ele viesse se encontrar com eles como fazia antes.

E Deus realmente veio se encontrar com eles. Foi de tardezinha, e eles ouviram a sua voz no jardim.

Como eles ficariam felizes de ouvir aquela voz se eles não tivessem pecado, se o fruto na árvore proibida não tivesse sido tocado! Mas eles agora ficaram assustados com aquela voz. Eles estavam com pavor de ter que encarar a Pessoa grande e gloriosa de onde ela vinha. Tremendo e fugindo dessa voz, eles "se esconderam da presença do Senhor por entre as árvores do jardim". Gênesis 3:8

Você não se sentiu assim mesmo quando você fez algo errado, e estava com medo de ser descoberto? Talvez você alguma vez correu e se escondeu assim como Adão e Eva fizeram; e outras vezes você ficou tentando evitar o olhar de alguém, - do seu pai ou professor, e se você pudesse, teria se escondido do olhar dele.

Como esses sentimentos são ruins! Mas como a pessoa se sente bem quando ela pode olhar todo mundo bem no rosto, - sem temer nenhum olho que o examine, e nenhuma língua que faça qualquer pergunta.

Como você se sentiu feliz quando você pôde correr e encontrar o seu pai, ou mãe, ou professor, e pôde ouvir a voz deles, e ver o seu olhar bondoso, e pôde deixar eles verem que você está agindo como uma criança obediente e alegre sempre se parece.

Seja obediente a eles. Seja obediente a Deus, se você deseja sentir essa alegria. Lembre-se como Adão e Eva se esconderam no jardim, e ore a Deus que ele não lhe deixe pecar, para que você seja guardado da vergonha e do medo.
 
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sábado, 24 de maio de 2014

Os Deveres dos Pais - J. C. Ryle - Parte 14


Treine-os tendo sempre em mente como Deus treina os Seus filhos.      

A Bíblia nos diz que Deus tem um povo eleito – uma família neste mundo. Todos os pobres pecadores que foram convencidos dos seus pecados, e foram a Jesus para obter a paz, formam esta família. Todos nós que realmente cremos em Cristo para a nossa salvação somos membros dela. Agora Deus, o Pai, está sempre treinando os membros desta família para a sua eterna habitação com Ele no céu. Ele age como um lavrador podando as suas vinhas para que produzam mais frutos. Ele conhece o caráter de cada um de nós – os pecados que nos assediam, as nossas fraquezas, as nossas enfermidades peculiares, as nossas necessidades especiais. Ele conhece o nosso trabalho e onde nós moramos, quem são os nossos companheiros nesta vida, e quais são as nossas provações, as nossas tentações e os nossos privilégios. Ele sabe todas estas coisas e está sempre ordenando tudo isso para o nosso bem. Ele destina a cada um de nós, na Sua providência, aquelas mesmas coisas de que nós precisamos, a fim de que possamos produzir mais frutos – o máximo de sol que possamos suportar, e o máximo de chuva. O tanto de coisas amargas que possamos suportar, e o tanto de coisas doces. Leitor, se você deseja treinar os seus filhos sabiamente, veja bem como o Deus Pai treina os Seus filhos. Ele sempre faz o que é bom; o plano que Ele adota tem de ser o correto.

Veja, então, quantas coisas há que Deus retém dos seus filhos. Poucos podem ser encontrados, eu suspeito, dentre aqueles que nunca tiveram desejos que não aprouve a Ele atender. Sempre houve aquela uma coisa que eles desejavam obter, contudo sempre houveram barreiras que o impedissem de alcança-la. Tem sido como se Deus estivesse colocando esta determinada coisa acima do nosso alcance, e dizendo: “Isto não é bom para você; você não pode ter isso.” Moisés extremamente desejava cruzar o Jordão para ver a boa terra prometida, mas você lembrará que o seu desejo nunca lhe foi concedido.

Veja, também, o quão frequentemente Deus guia o seu povo por caminhos que parecem escuros e misteriosos aos nossos olhos. Nós não conseguimos ver o significado de todas as maneiras como Ele lida conosco; nós não conseguimos ver a razoabilidade da trilha na qual os nossos pés estão pisando. Às vezes, tantas provações nos têm assaltado – tantas dificuldades nos têm cercado – que nós não temos podido descobrir a razão de tudo isso. Tem sido como se o nosso Pai estivesse nos guiando pela mão por dentro de um lugar escuro e dizendo: “não pergunte nada, apenas Me siga”. Havia uma estrada direta do Egito para Canaã, contudo Israel não foi guiado por ela, mas ao redor dela, por meio do deserto. E isso foi difícil para eles naquela época. “o povo”, nos é dito, “se tornou impaciente no caminho” (Ex. 13:17; Num.21:4).

Veja, também, o quão frequentemente Deus castiga o seu povo com provações e aflições. Ele os envia cruzes e desapontamentos. Ele os aflige com doenças. Ele retira deles as suas propriedades e os seus amigos; Ele os coloca em diferentes posições; Ele os visita com as coisas mais difíceis para a nossa carne e sangue; e alguns de nós têm praticamente desmaiado debaixo dos fardos que têm sido colocados sobre nós. Nós temos nos sentido pressionados além das nossas forças; e temos ficado quase prontos para murmurar contra a mão Daquele que nos castiga. O apóstolo Paulo tinha um espinho na carne que foi designado para ele, uma amarga tentação corporal, sem dúvida, embora nós não saibamos exatamente do que se tratava. Mas uma coisa nós sabemos: ele três vezes suplicou ao Senhor para que aquilo lhe fosse retirado, mas o Senhor não o fez (2 Cor. 12:8-9).

Agora, leitor, apesar de todas estas coisas, você já ouviu sequer um filho de Deus dizer que acha que o seu Pai não o tratou sabiamente? Não, eu tenho certeza de que você nunca ouviu isso. Os filhos de Deus sempre lhe contarão, a longo prazo, que foi uma bênção eles não terem tudo como queriam, e que Deus tem feito, de longe, melhor para eles do que eles poderiam ter feito para si próprios. Sim! E eles poderiam lhe dizer também que o lidar de Deus tem lhes providenciado muito mais alegria do que eles poderiam pensar obter por si mesmos, e que o Seu caminho, embora às vezes seja escuro, foi o caminho da alegria e a estrada da paz.

Eu peço que você guarde em seu coração a lição que o modo como Deus lida com o Seu povo quer lhe ensinar. Não tema reter da sua criança tudo o que você pensa não ser bom para ela, sejam quais forem os seus próprios desejos. Este é o plano de Deus.

Não deixe de castigar e corrigir os seus filhos sempre que você ver que a saúde das suas almas requer disciplina, não importa o quão doloroso isso pode ser para os seus sentimentos; e lembre sempre que os remédios para a mente não devem ser rejeitados simplesmente por serem amargos. Este é o plano de Deus.

E não tema, acima de tudo, que tal plano de treinamento deixará a sua criança infeliz. Eu lhe admoesto contra esta ilusão. Dependa disto: não há um caminho mais seguro para a infelicidade do que sempre ter tudo do seu próprio jeito. Ter as nossas necessidades conferidas e negadas é uma bênção para nós; isso faz com que possamos gozar melhor dos prazeres quando eles vêm a nós. Ter sempre os nossos desejos atendidos é o melhor jeito de nos tornar egoístas. E creia em mim, pessoas egoístas, assim como crianças mimadas, dificilmente são felizes.

Leitor, não tente ser mais sábio que Deus: treine os seus filhos como Ele treina os Seus.    

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Os Deveres dos Pais - Por J. C. Ryle - Parte 13


Treine-os a um constante temor da indulgência em prazeres

Dentre tudo o que eu tenho dito, este é o ponto sobre o qual você tem a maior necessidade de estar sempre se vigiando. É natural que sejamos gentis e carinhosos com relação à nossa própria carne e sangue, mas é o excesso desta mesma gentileza e afeição que você deve temer. Cuide para que isso não lhe torne cego quanto às faltas dos seus filhos e surdo para todos os conselhos que lhe são dados sobre eles. Cuide para que isso não lhe faça passar a mão sobre a má conduta deles, ao invés de tomar para si a dor de infligir o castigo e a correção.

Eu bem sei que a punição e a correção são coisas muito desagradáveis. Nada é mais desagradável do que causar dor àqueles a quem nós amamos, ou provocar as suas lágrimas. Mas enquanto os corações são o que são, é vão supor, como regra geral, que as crianças possam ser educadas sem correção.

O termo “mimar” ou “estragar” é muito expressivo e, infelizmente, cheio de significado. Agora a maneira mais fácil de se “estragar” uma criança é deixar que ela tenha tudo sempre do seu próprio jeito – é permitir que ela faça o que é errado sem corrigi-la por causa disso. Creia em mim, não faça isso, custe o que custar a você, a menos que você queira estragar as almas dos seus filhos.

Você não pode argumentar que a Bíblia não é clara quanto a este assunto: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Pv. 13:24) “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo.” (Pv. 19:18) “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela.” (Pv. 22:15) “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno.” (Pv. 23:13-14) “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe.” “Corrige o teu filho, e ele te dará descanso, dará delícias à tua alma.” (Pv. 29:15,17).

Quão fortes e impetuosos são estes textos! Quão melancólico é o fato de que em muitas famílias cristãs, eles parecem ser praticamente desconhecidos! Os seus filhos precisam da repreensão, mas ela praticamente não é exercida. Eles precisam da correção, mas ela dificilmente é empregada. E ainda assim, este livro de Provérbios não é obsoleto ou inadequado para os cristãos. Ele foi dado por inspiração Divina e é útil. Ele foi dado para o nosso aprendizado, assim como as epístolas aos Romanos ou aos Efésios. Certamente, o cristão que cria os seus filhos sem dar atenção ao seu conselho, está se julgando mais sábio do que aquilo que está escrito, e erra grandemente.

Pais e mães, eu lhes digo simplesmente, se você nunca punir os seus filhos quando eles estão em falta, vocês estão fazendo a eles um grave mal. Eu lhes admoesto, esta é uma pedra na qual os santos de Deus, em todas as épocas, têm muito frequentemente naufragado. Eu me sinto obrigado a tentar persuadi-lo a ser sábio a seu tempo, e a manter isso bem claro em sua mente. Veja o caso de Eli. Os seus filhos, Hofni e Fineias, “se fizeram vis, e ele não os repreendeu”. Ele não lhes deu nada a mais do que uma repreensão mansa e morna, quando ele deveria ter lhes censurado com severidade. Em suma, ele honrou os seus filhos mais do que a Deus. E qual foi o fim destas coisas? Ele viveu para ouvir sobre a morte de ambos os seus filhos na batalha e os seus próprios cabelos brancos foram trazidos com sofrimento para a sepultura (1 Sam. 2:22-29, 3:13).

Veja, também, o caso de Davi. Quem pode ler, sem sentir dor, a história dos seus filhos e de seus pecados? O incesto de Ammon, o assassinato e a pura rebelião de Absalão, a conspiração ambiciosa de Adonias: de fato estas foram dolorosas feridas para o “homem segundo o coração de Deus” receber em sua própria casa. Mas será que não houve falta da sua parte? Temo eu que, sem dúvida, houve. Eu encontro uma pista sobre tudo isso no relato sobre Adonias em 1 Reis 1:6: “Jamais seu pai o contrariou, dizendo: Por que procedes assim?” Esta foi a base de todo o problema. Davi foi um pai super indulgente – um pai que deixava com que os seus filhos fizessem tudo do jeito que bem quisessem, e ele colheu de acordo com aquilo que tinha plantado.

Pais, eu lhes suplico, pelo bem dos seus filhos, tenha cuidado com o mimo exacerbado. Eu lhes trago à lembrança, o seu dever principal é consultar as suas reais necessidades, e não os seus próprios gostos ou desejos. O seu dever é treiná-los, e não simplesmente entretê-los; é beneficiá-los, e não simplesmente agradá-los.

Você não deve ceder à toda vontade e capricho da mente do seu filho, por mais que você o ame. Você não deve deixar que ele venha a supor que a sua vontade é tudo, e que ele só precisa desejar algo, para que isso lhe seja feito. Eu lhe suplico, não faça dos seus filhos os seus ídolos, para que o Senhor não venha a tomá-los de você, e quebrar o seu ídolo, a fim de lhe convencer da sua tolice.

Aprenda a dizer “não” aos seus filhos. Mostre a eles que você é capaz de recusar tudo aquilo que você pensa não ser bom para eles. Mostre a eles que você está pronto para punir a desobediência e que quando você fala de punição, você não está simplesmente pronto para ameaçar, mas também para executá-la. Não ameace demais. Povos ameaçados e faltas ameaçadas têm longa vida. Castigue poucas vezes, mas realmente, e com seriedade. A punição leve e frequente é, de fato, um miserável sistema.

Cuidado ao deixar que pequenas faltas passem despercebidas sob a ideia de que “é apenas uma pequena falta”. Não há nada pequeno quando o assunto é criação de filhos; tudo é importante. Pequenas ervas daninhas precisam ser arrancadas tanto quanto as outras. Deixe que elas fiquem, e elas logo ficarão grandes. Leitor, se há qualquer ponto que merece a sua atenção, creia em mim, este é um deles. Eu sei que isso lhe trará muito trabalho e preocupação. Mas se você não se der ao trabalho de disciplinar os seus filhos enquanto são jovens, eles lhe darão maior trabalho e preocupação quando estiverem mais velhos. Escolha o que você preferir.