“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

terça-feira, 29 de março de 2016

MANUAL CRISTÃO PARA A PRÉ-ESCOLA (0-3 ANOS) PARTE II


MANUAL DO CURRÍCULO CRISTÃO
O Quê as Crianças Devem Aprender e Quando?
Segundo a Bíblia e os Especialistas
Introdução aos Pais e Parte I: Manual Cristão para a Pré-Escola (0-3 anos): Princípios Cristãos, Morais e Desenvolvimentistas. Ainda não leu? Clique aqui.

PARTE II


Conteúdos e Habilidades


5. Bíblia e Doutrinas



- Faça-os participar desde pequenos no culto doméstico. Isso será um treino para que aprendem a ficar quietos e participar do louvor e oração nos cultos públicos. Leve os seus filhos bebês aos cultos públicos. No caso de bebês menores de um ano, seja sensível para não incomodar o pastor ou distrair a congregação com os barulhos dos bebês, mas não deixe de ir para a igreja ou de levá-los para a igreja, ainda que você tenha que sair com frequência do salão de culto e não consiga concentrar-se como desejaria na pregação. (Uma palavra pessoal de encorajamento: uma vez estava numa conferência, fora do salão de culto principal, frustrada por ter que cuidar do meu bebê de colo inquieto, e de não poder ouvir nada da mensagem. Um senhor idoso se aproximou de mim e me falou, laconicamente: você está fazendo o trabalho mais importante de todos que estão aqui". Nunca me esqueci disso.)

-Ore com os seus filhos e ensine-os a orar. Quando eles aprenderem a falar, eles podem começar a repetir orações simples, e aos poucos, ser incentivados a oferecer suas próprias simples e sinceras orações.

- Fale da religião mais num contexto de alegria e amor a Deus, e não de punição e ameaças, no decorrer da vida e quando ela parece mais impressionável. Ex: consolando-a quando ela está doente,  lembrando-a de que foi Deus quem a protegeu em algum livramento, falando do céu ao olhar para um lindo pôr-do-sol, etc.

- Com a ajuda (ou não) de uma Bíblia infantil, (você pode usar a sua Bíblia de adulto), conte às crianças as principais histórias da Bíblia: Criação, Dilúvio, Babel, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Êxodo, Terra Prometida, Jonas, Gideão, Rute e Naomi, Rei Davi e Salomão, Daniel e seus amigos, Jesus, seu nascimento, milagres, morte e ascenção, vida dos discípulos, promessa da segunda vinda, o céu.  Você precisará repetir essas histórias muitas vezes, e concentrar-se em um ou mais fatos principais de cada uma. A ordem cronológica não é tão importante nessa idade.

- Conteúdos: Memorize versos bíblicos com as crianças (ABC de Deus ou outros pequenos versos de sua escolha). Ensine lições do livro de Provérbios adequadas à idade e à formação do caráter. Você pode começar a trabalhar as cinco primeiras perguntas do catecismo para crianças, prosseguir lentamente até a vigésima e selecionar perguntas simples sobre Deus, a Bíblia, Adão e Eva, Salvação, Oração, etc. Ou Você mesmo pode elaborar uma série de perguntas e respostas baseadas no catecismo cujas respostas sejam curtas.

- Lembre-se que a criança pequena irá associar as coisas de Deus às noções que são familiares para ela: Deus como Pai, o céu como a nossa casa, o cuidado de Deus como o da mãe, a família da igreja como a sua família, etc. Dê bons exemplos e corrija possíveis associações nocivas.

- Ensine hinos e corinhos curtos e ensine-os a louvar a Deus com suas vozes nos cultos.

 

6. Nutrição e Saúde


- Pratique bons hábitos alimentares - a criança precisa estar com fome para comer bem nas refeições, ou irá só brincar com a comida; por isso, evite vários lanchinhos, mamadeiras e sucos, especialmente biscoitos e doces;  se necessário, que o lanche seja frutas ou alimentos naturais. Treine o seu paladar para gostar do que é saudável e natural.

- Associe boa alimentação ao crescimento. Crianças pequenas querem crescer grandes e fortes. Diga-lhes que alimentos saudáveis lhe farão crescer. Comidas ruins trarão dor de dente, de barriga, etc.

- Sirva pequenas porções de comidas nutritivas que ela deve terminar naquela refeição. Se ela ainda quiser mais, a criança pode ter mais do que preferir. Se ela não terminar o prato após insistência, refrigere-o e sirva a mesma coisa mais tarde, quando ela estiver com fome. Nunca ceda para dar-lhe aquilo que ela quer.

- Crianças de 2-4 anos normalmente preferem comidas simples, não misturadas: em vez de um prato grande de feijão, arroz, salada e carne cortadinhos e misturados, sirva pequenos pedaços de tomate, carne e frutas, separados. Isso também as ajudará a aprender a comer sozinha com dedo ou garfo.

- A atitude dos adultos para com os alimentos irá grandemente determinar o que a criança gostará ou não. Lembre-se que as crianças holandeses apreciam até bombons salgados! Um biscoito saudável de aveia com banana pode se tornar sua melhor sobremesa; as frutas, os seus doces; frutas secas, os seus bombons. Mingaus, sopas, legumes crus e cozidos, saladas e uma variedade de alimentos diversificados e saudáveis precisam ser introduzidos e apreciados deste esta idade.

- Deixe que a criança brinque ou trabalhe fora de casa por um bom tempo todo dia, para que possa se exercitar, pegar sol, apreciar o ar fresco, e ... sentir fome! - Deixe-as, dentro de um senso básico de segurança, subir, escalar, puxar, empurrar,  para que ela exercite a coordenação e o desenvolvimento dos grandes músculos. Estimule que elas façam exercícios aeróbicos: correr, andar bastante, nadar com bóias apropriadas. Dos dois aos três anos sua coordenação vai se tornando mais sofisticada: ele é capaz de correr, pular, ficar em pé com um só pé, aprender a pedalar um triciclo, subir e descer do escorregador.

- Não a superproteja (um problema básico de muitas mães e babás brasileiras!!! A criança precisa de uma liberdade razoável para explorar estimula criatividade e inteligência), mas mantenha-a dentro do alcance da sua vista ou ouvido. Ensine, repita e fique atenta constantemente às regras básicas de segurança: usar o cinto de segurança, não brincar perto do fogão, não mexer com produtos de limpeza, não brincar com fogo, não ter acesso a bacias, baldes ou banheiras cheias de água, não correr para a rua, não escalar móveis, fugir de animais peçonhentos, não pôr na boca o que não é comida, etc.

 

7. Habilidades Motoras e Outros Conhecimentos (Ciências, História, Estudos Sociais, etc.)


- Nessa idade, eles gostam de fazer as coisas "sozinhos". Quando possível, seja paciente, e deixe-lhes tentar por um tempo. Estabeleça um limite quando você terá de ajudar ou apressá-los. "os pais sábios não irão fazer para a criança coisas que elas podem ou poderiam aprender a fazer sozinhas. Mas ela não deverá ser abandonada ou deixada sem encorajamento para lidar com as inevitáveis frustrações que são consequência de seu limitado tamanho e habilidade". (Moore, p. 88) Sempre que possível, ajude-os a fazer as coisas independentemente fornecendo-lhes objetos apropriados: mesinhas pequenas, prateleiras a seu alcance, sapatos sem fio, etc.

- Brincando, a criança descobre a qualidade e propriedade das coisas pelos seus sentidos: textura, tamanho, cores, formas. Ofereça-lhes a oportunidade de experimentar com vários tipos de materiais (areia, água, grama, ferro, madeira, ar, etc.), e chame sua atenção para as propriedades dos seres usando palavras descritivas apropriadas: como o gatinho é macio, e o arco íris é colorido, o ferro é duro e pesado, o trânsito é barulhento, a flor é perfumada, etc.

- Ela não precisa de muitos brinquedos comerciais, dizem os melhores especialistas. Há muitos objetos interessantes na cozinha e fora de casa, se a mãe lhe deixar brincar com essas coisas, elas melhor estimulam a imaginação, o pensamento e a atenção: panelas, copos de plástico, vasilhas com tampas de diversos tamanhos, caixas e objetos com as formas geométricas, etc. Sucatas são ótimas alternativas para essa idade: revistas velhas, cartões velhos, alarme ou relógio velho, um colchão velho serve de trampolim, uma escada deitada serve para escalar.

- Se lhe der brinquedos, que sejam poucos, duráveis (os que quebram fáceis ensinam a criança a destruir) úteis para fazer algo (triciclo, bola, coisas para empurrar e puxar, fazer barulho, montar, transportar) ou que estimulem a imaginação (chapéu de policial, mangueira de bombeiro, boneca-bebê, capa do rei, etc.). Podem ser caseiros, como uma meia com areia para jogar, blocos de caixa de fósforo ou de pedaços de madeira, saco de seixos grandes, etc. Não dê muitos brinquedos de uma vez. Guarde brinquedos extras para outros momentos.  E não lhes dê brinquedos muito avançados para a sua idade: bonecas com vários vestidos, trens elétricos, pipas, etc.

- Para crianças 1-2 anos: brinquedos coloridos, com padrões definidos, faces espelhadas, bolas, etc., objetos que se encaixam um no outro, colheres de pau e tampas de panela, etc. Para crianças de 2 e 3 anos: blocos, brinquedos de empurrar ou puxar ou que lhe ajudem a ficar em pé e andar; bonecos ou pelúcias, chapéus, bolsas ou sapatos velhos, panelinhas ou outros objetos de cozinha, brinquedos que fazem barulho e imitam instrumentos musicais, brinquedos que estimulem coordenação motora fina; jogos da memória.

- Brincar com água é uma atividade que envolve muitos processos e descobertas científicas que são muito interessantes para a criança: como a água derrama fácil, como carregar água em objetos rasos e fundos, esponjas a absorvem, toalhas a secam, coisas que flutuam e afundam, muitos copinhos para encher uma bacia, etc. Mais tarde, ele irá aprender com você a ter noção de quantidade, do que é um litro, dois litros, um copo, um galão, etc.

 
- Se possível, considere deixá-lo brincar diariamente na areia (um quadrado de quatro tábuas que segure areia branca, para a criança sentar e brincar na areia- pode ser só uma caixa com areia) e alguns instrumentos úteis (baldinho, copos, latas, caminhão, colher ou pá)

- Dê-lhe noções de que existem lugares e épocas distantes e pessoas diferentes (há muito tempo atrás; antes de você nascer, lá longe na África, o esquimó que vive numa casa de gelo, etc. Você pode trabalhar a memorização de vocabulários importantes: nomes dos continentes e países, estados e cidades, de pessoas importantes, nomes de profissões, nomes de ambientes geográficos como desertos, oceanos, florestas, etc.)

- A partir dos dois anos, a criança é capaz de folhear livros, segurar um giz de cera, rabiscar e fazer movimentos circulares, até fazer alguns desenhos que você deve lhe perguntar o que é, escrever o que ela disse no verso, datar e guardar como seu tesouro para os anos futuros.


8. Linguagem:


- O desenvolvimento da linguagem nos bebês começa desde muito cedo: ele percebe diferenças na fala, nas letras e nos tons de voz com poucos dias de vida. Aquele choro da criança a partir de 4 ou 5 meses de idade, que não é de dor, mas que transmite aos pais algum desconforto, necessidade ou vontade, é o início do uso de símbolos para expressar algo. Ela começará a fazer barulhos com sons vocálicos e depois com algumas consoantes, e, com cerca de 8 meses o bebê consegue falar sílabas repetitivas como mamamamaa, papapa..., dadadada..., que logo serão encurtadas para sílabas duplas: mama, papa..., dando origem às suas primeiras palavras que normalmente são faladas em torno dos 12 meses, e denotam algo do interesse da criança. Desde os três meses é importante a presença atenta dos pais para nomear as coisas, especialmente aquelas que chamam a atenção do bebê. Entre 14 ou 18 meses a criança ainda usa seus sons repetitivos, além das palavras que sabe, para imitar expressivamente a fala dos adultos: as entonações, o ritmo e o sotaque se parece com uma conversa de verdade ou com alguém lendo um livro.

- Entre 18 e 24 meses a criança começa normalmente a combinar duas ou três palavras em frases e orações primitivas: papai vai, bola cai, quer água. Eles usam apenas as palavras essenciais para o significado e omitem os artigos, preposições, conjunções, etc. E tentam chamar a atenção dos outros imitando a maneira como a mãe chamava a sua atenção: chegando perto, mostrando um objeto, apontando, comentando sobre o que o ouvinte está fazendo, usando palavras como: "Oi", "Ei", "Olha!", etc. Ele faz um comentário, ou responde, mas ele tem dificuldade de levar adiante a conversa. É o adulto que terá de fazer perguntas e comentários que permitem que o diálogo continue.

- De início, o bebê prefere e reage mais aquela fala que é direcionada a ele: "Tá dodói"; "Vem mamãe". Mas aos poucos você deve ir deixando a "conversa de bebê", e tentar falar um bom português com boa gramática e boa elocução (Não imite a linguagem ou palavras erradas das crianças); pronuncie as palavras corretamente, nomeie as coisas, deixe-a ouvir boas conversas dos adultos: fale consigo mesma sobre o que você está fazendo, aponte e dê nome aos objetos, peça que ela lhe traga os objetos.

- O desenvolvimento da linguagem de 1-3 anos é muito irregular de uma criança para outra. Algumas aprendem novas palavras diariamente, enquanto outras ficam semanas sem aparentemente falar sequer uma palavra nova, ou podem até deixar de falar o que falavam antes, e de repente surpreender os pais com uma frase completa.

- Como uma base, uma criança que completa dois anos fala cerca de 50 palavras e entende cerca de 300. Pode unir duas ou mais palavras: "gato miau"  e, ao aproximar-se do seu aniversário de três anos, ela tem um repertório de cerca de mil palavras, e forma frases de quatro a seis palavras, incluindo alguns pronomes pessoais. Fale ou não, ela está aumentando o seu vocabulário a cada dia e é seu papel ajudá-la.

- Ensine a criança a usar os sons e linguagem de forma apropriada: com cortesia (a dizer "por favor" e "obrigado"), quando é hora de ficar calado (no culto doméstico, na igreja, etc.), a não falar alto demais nem baixo demais, a olhar, sorrir e responder quando falam com eles, a engolir o choro, etc.  A criança "pegará" e imitará também o humor, o tom e o volume de voz que está acostumada a ouvir  (fala mansa, gritarias, comandos, reclamações)

- Não use a TV para desenvolver a linguagem (é inútil, não há a repetição necessária, nem o contexto da vida, pode ser até prejudicial: a criança fica desatenta ao barulho e conversas mecânicas) A criança aprende melhor quando é estimulada pessoalmente, aprende a ser atenta à comunicação, e usa a linguagem no contexto da vida e para interagir socialmente.

- Tente sair da fala necessária, como "cuidado com... Não faça isso... Muito bem!, etc." e mostre interesse pelo que a criança está fazendo ou pensando; converse com ela e você poderá ver um pouco como sua mente e linguagem estão florescendo: "Olhe as formiguinhas na calçada: aonde será que elas estão indo?", ou: "Me conte sobre as suas bonequinhas", ou "o que você está montando com esses blocos?"

- A criança de dois, três anos fala consigo mesmo (ela é naturalmente centrada em si mesma); precisamos aos poucos dirigir o seu discurso para a fala social pelo nosso exemplo: fale de coisas que acontecem ao seu redor, use as palavras para pedir ou interagir com outros.

- Trabalhe, sempre que possível, as palavras das três classes principais: substantivos, verbos e adjetivos. (sem chamar por esses nomes, é claro), mas aumentando seu vocabulário destas palavras, com jogos: encontre ou dê nome aos seres, na casa, na rua, num livro de gravuras; faça o que mando: pule, corra, procure, etc. (verbos), eu vejo uma coisa vermelha, grande e brilhante...)

- Vocabulário: Ouvir e aprender palavras relacionadas às cores, formas, animais, transporte, países, profissões da comunidade, saúde, segurança, boas maneiras, ciências; os opostos: mal e bom, grande e pequeno, perto e longe, fino e grosso, dia e noite, alegre e triste, etc.

- Introdução à Fonética e Conteúdos básicos: Cante o a-e-i-o-u, o do-re-mi-fá-sol-lá-si-dó, 1,2,3,4,5-5,4,3,2,1, e uma música do alfabeto.  Informalmente, ou com o auxílio de um alfabeto de brinquedo, enfatize os sons puros ou mudos (não tanto o nome da letra, mas o som mudo e explosivo conforme o ensino fonético) das consoantes no início das palavras: "b"-bola, "p, p, p -pula", "m, m, m-mamãe".

- Leitura: a criança a partir de 18 meses pode ir aprendendo a apreciar livros com figuras de objetos familiares, e pequenas histórias sobre eventos familiares como tomar banho, ir para a cama, brincar no jardim, passear, etc. Deixe a criança manipular livros infantis ou fabrique os seus próprios, de pano, papéis resistentes ou plastificados. (cores, formas, animais, plantas, flores, etc.). Introduza os vocábulos letra, palavra e número. Ensine-os a valorizar, respeitar, cuidar e guardar bem dos seus livros. Leia diariamente aos pequenos livros tipo dicionários ilustrados, além de histórias ou lições curtas e simples. Comece a fazer uma pergunta simples e óbvia sobre o que foi lido. Com crianças bem pequenas, a resposta pode ser apenas apontando para uma figura. Quando elas quiserem, deixe que elas manuseiem o livro e contem e repitam a história pelas figuras.

9.  Língua Estrangeira:


-Estudos sobre o funcionamento do cérebro apontam que a fluência, naturalidade e fala sem sotaque numa língua estrangeira depende de a criança ter contato com a língua desde muito cedo (ouvi-la até os 6 meses; começar a falar até os 3 anos).

- Outros estudos apontam que aprender uma segunda língua quando criança estimula a inteligência em geral e o solução de problemas e  facilita desenvolvimento lingúistico, além do aprendizado futuro de outras línguas.

- Crianças pequenas, com cerca de três anos, podem aprender outra língua muito rapidamente, se tiverem contato suficiente e constante com ela. O aprendizado infantil da língua estrangeira parece passar por fases semelhantes ao da fala na língua materna: a criança imita sons, sílabas, entonações, inclusive reproduzindo uma imitação de uma conversa na língua estrangeira, sem que se reconheçam as palavras faladas. Ela aprende palavras e expressões curtas, aprende a unir as palavras mais importantes para começar a formar frases, e com a continuada prática e ensino irá absorver as estruturas gramaticais e convenções da língua.

- Importância da Educação Bilíngue para Homeschoolers no Brasil- Como grande parte dos materiais educativos cristãos (ou não) de qualidade não estão ainda disponíveis em Português, a criança poderá muito cedo ter a vantagem de usufruir destes quanto antes ela aprender a língua estrangeira.

- O melhor método do aprendizado de língua estrangeira, também nesta fase, é pela imersão. Se os pais souberem a língua estrangeira, há evidências de rápido aprendizado quando os pais conscientemente buscam: repetir as palavras e frases nas duas línguas, ou falar a outra língua num certo horário do dia, ou falar a língua estrangeira com um dos pais ou sempre que estiver presente um parente ou colega que só fala a língua estrangeira.

- Mesmo quando os pais não dominam a língua estrangeira, é possível ensinar as crianças por meio de livros bilíngues, músicas, vídeos e desenhos animados na língua estrangeira, ou pedindo que algum parente ou amigo bilíngue só fale com a criança na língua estrangeira.

- Em nossa experiência: mesmo que a criança ouça duas línguas, ela aprende primeiro aquela que usamos para se dirigir a ela diretamente, e não a que os adultos usam para conversar entre si, ou que ela ouve na televisão. Então é importante que haja alguém para se comunicar direta e pessoalmente com a criança na língua estrangeira.

- Também em nossa experiência: Ouvir duas línguas pode atrasar o início da fala da criança em sua língua materna. Mas futuramente isso não parece oferecer problemas no uso da língua materna, e ainda facilita a desenvoltura na língua estrangeira. Dizem também os especialistas que a criança não está realmente atrasada; o seu vocabulário na língua materna é menor, mas se considerarmos as palavras que ela fala na outra língua, ela normalmente está dentro da média. É comum também também que a criança misture as duas línguas em uma frase ou expressão, mas isso parece resolver-se com o tempo, e a criança aprende a distinguir as línguas e os contextos em que deve usar cada uma.

- Sobre o ensino precoce da alfabetização fonética na língua estrangeira, paralelo ao aprendizado fonético da língua materna, alguns pais temem que isso poderia confundir ou atrasar o aprendizado das vogais e consoantes e regras da língua materna. Uma alternativa é adiar o ensino da fonética estrangeira para quando a leitura no português já estiver bem estabelecida. Outra é alfabetizar na língua estrangeira em um momento/espaço/contexto/ ou com professor e colegas distintos, claramente diferenciando aquele aprendizado da alfabetização na língua materna.

- Recursos: ler livros bilíngues, ler livros estrangeiros, ouvir e repetir rimas ou cantigas na língua estrangeira, repetir o vocabulário de interesse da criança na segunda língua, ensinar perguntas e conversação na língua estrangeira, assistir vídeos educativos e desenhos animados na língua estrangeira (com restrição).

 

10. Matemática:



- A criança pode começar a reconhecer os números de 1-10 e a diferenciá-los das letras.

- Contar de 1-5, 1-10 ou 1-20 (dependendo do programa didático), só pelo divertimento de memorizar ou ouvir a sequência dos sons.

- Começar a entender conceitos de números de 1-10 (começar com 1, 2 e 3, seguindo, em geral, a idade e os aniversários da criança- ensinar a mostrar nos dedos, a perceber e contar os pares do corpo, a contar objetos do interesse da criança).

- Ensinar Noções de Correspondência 1 a 1. (contar apontando ou manipulando um objeto de cada vez)

- Formas geométricas (brincar com elas, reconhecê-las e identificar objetos com formas semelhantes)

 

11. Arte:


- Aprender estrofes de hinos, salmos e corinhos

- Músicas educativas, tradicionais e divertidas. (trabalhe o ritmo com palmas ou instrumentos caseiros: garfos, tambor, etc.)

- Fazer gestos para acompanhar músicas, poemas e encenações.

- Pintar e traçar desenhos simples com giz de cera ou tinta (esquerda para a direita)

- Usar massa de modelar ou argila.

- Apreciação da natureza: formas, cores, texturas, etc. das folhas, mariposas, frutas, animais, etc.

- Introduzir as noções de bom, belo e verdadeiro para julgar a arte. (nós é que devemos exemplificar esse julgamento, por exemplo: "esse monstrinho do desenho animado é muito feio". "Veja que borboleta linda, quantas cores ela tem!"

-  Usar objetos que levem a criança a imaginar que está no lugar de outra pessoa: boneca para ela ser mãe, um pedaço de mangueira para o menino agir como bombeiro, uma capa para imitar um rei, um vestido de princesa, etc.

- Ajuda os pais ou vê artistas manufaturando de objetos artesanais (decorando cartões, embrulhando presentes, decorando a casa, bordando, fazendo arranjo de flores, pintando um quadro, etc.)

 

12.  Materiais


Muitos dos melhores materiais para a criança em idade pré-escolar não precisam ser comprados, podem ser encontrados ou fabricados rapidamente em casa:

- blocos, quebra-cabeças (pode ser caseiro), caixas de diversos tamanhos e formas, miçangas grandes com linhas, copos e talheres de plástico de vários tamanhos, potes de plástico com tampas, água, terra. (2 anos)

- caderno de desenho, folhas grandes (A3), tesoura sem ponta, cola, giz de cera, tinta guache (para pintar com dedo ou com pincel), jogos de tabuleiro simples, jogo da memória, dominó de figuras. (3 anos)

- Livros ilustrados de objetos, animais, cores, plantas, fenômenos da natureza, meios de transporte, paisagens, etc. (Podem ser feitos em casa)

- Massinha de modelar (pode ser a receita caseira), ou pode ser areia ou uma boa lama do quintal.

- Areia, água e pedras grandes o suficiente para não serem engolidas.

- Se possível: triciclo, bicicleta, colchão para pular, degraus baixos, banquinhos ou escada deitada para escalar, brinquedos de parque, um capacete infantil (quando alguém seguir o conselho do meu pai e inventar um, especialmente para os que estão aprendendo a andar-10-18 meses!)

 

13. Tabela Comparativa de Objetivos e Conteúdos Seculares e Cristãos Normalmente Trabalhados na Pré-Escola: 0-3 anos.


 

 
Segundo Especialistas Seculares
Segundo a Bíblia
Educação
Religiosa
Não ensinar-prejudicial
Histórias Bíblicas, Porções do Catecismo Infantil e Princípios da Fé
Educação  Moral
A vontade da Criança é central. Ausência de direcionamento moral. A criança está ali para brincar e ser entretida. Ênfase precoce no respeito à diferença e diversidade. Importância da socialização e convivência com outras crianças pequenas
Ensino Predominante da obediência às leis de Deus e dos pais. Formação do Caráter pelo exemplo dos pais e pelo ensino direto, vendo os frutos da piedade sendo exemplificados e exigidos da criança durante todo o dia.
Saúde
Comer pelo prazer ou para entreter- vários lanches a gosto da criança. A creche e pré-escola como ambiente ideal. A criança está predominantemente em lugares fechados e equipados para recebê-la. Supersegurança que restringe a liberdade e a atividade física mais vigorosa.
Obediência da criança às decisões sensíveis dos pais quanto a alimentos e porções saudáveis. Treino de bons hábitos alimentares voltado para o crescimento e saúde (3 refeições principais e frutas). A criança chega a sentir fome e tem bom apetite. A criança aprende a ter auto-controle quanto aos horários, quantidade e alimentos das refeições. Bastante atividade física ao ar livre. A criança tem liberdade para explorar sempre às vistas ou numa distância que pode ser ouvida pelos pais.
Habilidades
Importância de brincar, apreciar entretenimentos e brinquedos especializados e e sofisticados. Socialização, entendida como habilidade de estar bem mesmo separada dos pais, e de se comportar como o grupo de colegas.  Desenvolvimento da coordenação motora grossa e fina. Independência moral. Esportes institucionalizados. Necessidade de ambiente e profissionais especializados.
Uso dos sentidos e membros para o conhecimento do mundo e para o serviço dos outros. Importância do trabalho. Liberdade vigiada para o conhecimento do mundo e independência física. Brinquedos e materiais didáticos simples, caseiros e naturais. Supervisão direta e constante dos pais no ambiente do lar e introdução da criança a outros ambientes para que aprenda a se conduzir em outros contextos e apreciar outras companhias. Ensinar o respeito aos adultos, às coisas de Deus, à propriedade privada. Os pais julgam, estimulam, ensinam, orientam e disciplinam.
Linguagem
É estimulada e desenvolvida holisticamente e inconscientemente, sem objetivos ou padrão. O propósito é a utilidade imediata, a fala social e o divertimento. Vocabulário é utilitário, egoísta, moderno, tolo e divertido; ao mesmo tempo, adulto demais ou inapropriado para a idade da criança.
Estimulada com bons exemplos e em obediência à vontade de Deus. Vocabulário das obras de Deus. Pureza e beleza das palavras e tom de voz. Valorização da função social e educativa da linguagem e necessidade de seu domínio. Importância dos livros e da Palavra como consequência da importância da Verdade e da Bíblia.
 
 
 
Matemática
Noções Gerais. Contagem e Formas Geométricas -aquém do potencial da criança.
Expandir potencial de contar/medir/comparar/classificar/organizar p/ entender os números e conceitos matem. da Bíblia e Mundo
Outros Conhecimentos
Restringem-se aos conteúdos clichés (formas, cores, etc.) e neutros.
Partem do "eu" e da realidade da criança e aos poucos se expandem.
São conhecidos a partir do ambiente escolar, pelo uso de livros, Tvs e outras Mídias. Conhecimento para envolvimento com o mundo a seu redor.
Começam com a existência, a realidade, a presença e as leis de Deus na vida da criança.
Focalizam o Mundo externo, a Criação, as Obras de Deus e só depois são devidamente aplicados à realidade da criança. São obtidos pelo contato com a natureza e com as histórias e doutrinas da Palavra de Deus, sempre acompanhado e guiado pela interpretação dada pelos pais.
Conhecimento para o louvor dos atributos de Deus, para o crescimento pessoal e para preparação da criança para o serviço do próximo.
 
Arte
Música Popular ou tola-infantil. Auto-Expressão. Contato com artes humanistas e chocantes.
Apreciação do feio.
Músicas Educativas e para Louvor. Apreciação e Imitação da beleza das obras de Deus. Reverência e pureza na arte.  Dominar Artes e usá-las para o serviço de Deus e do próximo.

 

... Continua com a Parte III: Sugestões, Recursos e Check-List. Aguarde!

sexta-feira, 25 de março de 2016

O PRECIOSO DOM DA LINGUAGEM - PARTE I

Esta série de postagens foi baseada no Trabalho de Conclusão do Curso de Letras apresentado à banca da UFPA em 2009, com o tema: O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NA ESCOLA CRISTÃ: TEORIAS, PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS.
Este trabalho tem sido, desde então, adaptado para a leitura de professores e pais cristãos interessados no ensino das preciosas habilidades da linguagem por uma perspectiva bíblica.



Capítulo IV
O ENSINO CRISTÃO DE LÍNGUA e LINGUAGEM: PERSPECTIVA BÍBLICA, PRINCÍPIOS E PROPOSTAS.

“Porque a boca fala do que está cheio o coração...” (Mateus 12:34)
“O homem se alegra em dar resposta adequada, e a Palavra, a seu tempo, quão boa é!” (Provérbios 15:23)



O Dom da Linguagem
A linguagem é maravilhosa e misteriosa ao mesmo tempo. Ela é um dom de Deus aos homens pois tanto reflete, como também revela este mesmo Deus (POYTHRESS, 2009). Deus não somente inventou e deu origem à linguagem, como Ele também a utiliza e a concedeu aos homens como um precioso dom. Dentre toda a criação, somente o homem foi criado com a Imagem de Deus (imago dei) e é por esta razão que ele é capaz de se comunicar utilizando-se da linguagem.  
A linguagem é uma habilidade fundamentalmente necessária ao desenvolvimento pessoal e social de todo indivíduo em todas as esferas da sua vida, seja ela acadêmica, profissional, social ou religiosa. É por esta razão que o ensino de língua (seja ela a língua materna, estrangeira ou clássica) é tão essencial em uma escola ou lar cristãos, visto que o desenvolvimento efetivo das habilidades comunicativas ajudam a equipar o aluno não apenas para atingir e cumprir as exigências práticas e vocacionais da vida, mas também para glorificar a Deus e difundir a mensagem do evangelho.
O ensino de língua materna focaliza o desenvolvimento das habilidades de comunicação; particularmente, das habilidades da leitura, da escrita, do ouvir e do falar. Outras duas habilidades comunicativas importantes no ensino de língua materna – porém muitas vezes negligenciadas ou tidas como integrantes do currículo de outras disciplinas – são as de percepção (observação e interpretação) e de representação (narração e atuação).
Assim, a fim de compreendermos como se pode tornar mais engajador e eficiente o ensino de língua e linguagem em uma escola ou lar cristãos, os quais se fundamentam nos princípios e propósitos bíblicos, é importante que façamos breves considerações gerais com relação à visão bíblica da comunicação e do caráter da língua, as quais são bases essenciais à construção de todo o currículo de um curso de língua em uma escola ou lar cristão, para que, por fim, cheguemos a conclusões mais práticas.

  • A Visão Bíblica da Comunicação

Em uma escola ou lar cristãos, todo o currículo e a concepção de ensino de cada disciplina deve basear-se em uma cosmovisão fundamentada e coerente com os ensinos bíblicos. Focalizaremos agora, portanto, a questão do ensino de língua e linguagem considerando valiosos princípios sobre a comunicação e sobre a linguagem que possuem implicações diretas à concepção e à prática do ensino de língua.   
Comunicação é o ato de se compartilhar pensamentos, idéias, informações e necessidades. Ela exerce grande influência em todo indivíduo e na sociedade, pois é responsável pela formação da visão do homem sobre a realidade. Segundo a visão bíblica, a comunicação, assim como todos os dons que podem ser encontrados no homem, tem a sua origem em Deus e foi concedida a ele desde a Sua criação.
Deus é o autor da comunicação e o supremo comunicador. Ele é a fonte de toda verdadeira comunicação, visto que esta é parte da criação ordenada de Deus. A comunicação existe na relação entre as três pessoas da Trindade, ocorre entre Deus e os homens, ocorre entre os demais seres-humanos e, em certo grau, até mesmo entre homens e animais (embora estes últimos não tenham sido dotados do dom da linguagem, eles são capazes de se comunicar entre si próprios e com os homens, de acordo com as suas necessidades e instintos). A linguagem (verbal e não-verbal) é a mais comum, e também a mais complexa e elaborada forma de comunicação. 

Assim, quando Deus formou o homem à Sua própria imagem (Cf. Gên.1:27), ele o dotou da capacidade de comunicação por meio da língua, a qual pode ser considerada, ao mesmo tempo, como um pré-requisito para ou como uma consequência do pensamento racional (debate este que não cabe considerar neste espaço). O relato da criação no livro de Gênesis e as Escrituras como um todo indicam que foi Deus quem inventou a linguagem e planejou que ela (especificamente a linguagem verbal, tanto na forma escrita, quanto na oral) fosse o meio de comunicação entre Si mesmo e o homem, bem como entre os seres humanos em geral. Daí o uso da linguagem escrita na Sua Palavra revelada –a Bíblia–, e também da linguagem oral, tanto da parte de Deus, quanto da parte dos homens, sendo ela utilizada na interação direta (orações e raros episódios do discurso Divino nas Escrituras) ou indireta (por meio dos profetas, anjos, e ministros do evangelho) entre Deus e os homens.
Embora o homem tenha perdido, em virtude da sua queda em pecado, a imagem de Deus em seu sentido completo ou específico (o reflexo do conhecimento, da justiça e da santidade perfeita de Deus no homem) ele ainda carrega a Imagem de Deus no seu sentido mais amplo. Ele ainda mantém características que o posicionam acima de todos os animais da criação, uma das quais (e das mais importantes delas) é a capacidade de comunicação e do uso consciente da linguagem, a qual permite a interação entre as pessoas e entre o homem e o seu Criador e Redentor.

Deus concedeu ao Seu Filho Jesus Cristo toda autoridade no céu e sobre a terra, e portanto, para o cristão, todas as áreas da vida devem ser trazidas para debaixo do Seus domínio e autoridade, inclusive a área da comunicação, da linguagem e da arte como expressão delas. A Comunicação pode ser utilizada para o bem ou para o mal, e cabe aos cristãos fazer bom uso dela, para a glória e honra do Senhor.
  • A Visão Bíblica do Caráter da Linguagem

A linguagem ocupa um papel central na vida e na comunicação humana. Nós passamos a maior parte do nosso tempo falando, ouvindo, lendo ou escrevendo. Os livros, o jornal, a televisão, o rádio, a internet, os sermões, as músicas, as cartas, tudo isso se utiliza do dom da linguagem. Essa capacidade de comunicação por meio da linguagem consiste em um bem comum, ou seja, concedido a todos os homens. Por meio da linguagem, eles podem dar expressão aos seus pensamentos e sentimentos, bem como assimilar os pensamentos e sentimentos de outros, tornando possível a realização das atividades de pensamento e de reflexão pessoal, da vida em sociedade e das manifestações culturais.
Segundo POYTHRESS:

Algumas tarefas, como lavar a louça, não demandam o uso da linguagem. Mas até mesmo estas tarefas ganham significado por meio daquilo que nós dizemos ou pensamos sobre elas. Nós lavamos a louça porque, por meio da linguagem, nós aprendemos sobre bactérias, doenças, e como a lavagem da louça protege a nossa saúde. E lavar a louça pode ser muito mais prazeroso quando conversamos com um amigo enquanto o fazemos.

Além disso, a língua, particularmente em sua forma escrita, é o principal meio de transmissão de informações e experiências de geração a geração, sendo, desse modo, permitido às gerações subsequentes o acesso às informações e experiências do passado.
No entanto, o ensino bíblico deixa claro que, em virtude da queda do homem e da perda da imagem de Deus original, o uso que o homem tem feito da linguagem –bem como de toda a criação– tornou-se desvirtuado pelo pecado. A língua se transformou em uma fonte de desentendimentos, de discórdias, de enganos, de fraudes e de desonestidades. Agora, segundo essa visão, o homem em seu estado natural usa a língua e a linguagem de maneira pecaminosa e para a glória de si mesmo, ao invés de utilizá-la para a glória de Deus, que é o objetivo para o qual ele foi dotado dela.
A linguagem é o método principal pelo qual o homem veicula sentidos e, portanto, as habilidades de comunicação linguística são centrais e naturalmente necessárias à interação humana, visto que esta é tão inerente à natureza humana quanto o é a própria linguagem.
No meio protestante, o estudo das línguas e da linguística sempre adquiriu especial valor por razões de ordem natural e religiosa. Bevin (2009, s/p.) apresenta um número de razões para que os cristãos se interessem e se aprofundem no estudo da linguagem ou da linguística, dentre as quais, a autora destaca:
A primeira boa razão para o estudo da linguagem é o fato de que Deus usa a linguagem, tanto oral quanto escrita. Deus usou a linguagem oral para criar (Gn. 1). (...) A criação foi principalmente linguística. Com exceção do esculpimento do corpo de Adão e do procedimento cirúrgico para criar o de Eva, Deus criou todas as coisas por meio da linguagem. Deus também usa a linguagem escrita; as Escrituras foram dadas na forma escrita, e Deus diretamente escreveu os originais das leis dadas no Sinai (Ex. 31:18). A segunda razão para o estudo da linguagem segue-se do ponto anterior: a informação inspirada sobre Deus encontra-se na forma escrita, e para que se possa compreender ao máximo essas informações, os seres humanos precisam saber não apenas que informação a linguagem está transmitindo, mas também de que forma a linguagem transmite essa informação. (...) Outra razão para o estudo da linguagem [especialmente pelos cristãos] provém do fato de que muitas das críticas ao cristianismo nos séculos vinte e vinte e um (a crítica textual, por exemplo) são baseadas na linguagem. Assim, a refutação efetiva dessas críticas requer o conhecimento de que o que Deus revela pode e deve ser realizado pela linguagem.
Como indica a autora acima, contudo, a linguagem tem sido amplamente estudada e explorada por teóricos pós-modernos com relação às noções de construção e de desconstrução de sentidos, atualmente em voga no meio acadêmico filosófico e linguístico. Veith, Jr. (1999, p. 58) aborda esta questão do desconstrutivismo da linguagem em sua obra “Tempos Pós-Modernos” e realiza uma comparação entre a linguagem humana e a linguagem divina, ressaltando diversos aspectos delas. O autor destaca que “enquanto os teóricos seculares presumem que a linguagem seja só um fenômeno humano, os cristãos vão muito mais longe” (idem), e faz uma comparação entre a linguagem divina e a humana, partindo de diversos textos bíblicos. Na próxima postagem, nos deteremos melhor nestas considerações de Veith sobre o precioso dom da Linguagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE CAPÍTULO:


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BEVIN, Marla Perkins. Linguistics and the Bible [on line]. In: The Trinity Foundation Website. 1998 - 2009. Disponível em: <http://www.trinityfoundation.org/journal.php-?id=230>. Acesso em: 04.09.09.
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