“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

"PRESERVA-ME, Ó DEUS, POIS CONFIO EM TI" - SALMO 16:1

“Preserva-me Ó Deus, pois Confio em Ti
 

EM MEMÓRIA DA NOSSA QUERIDA SOBRINHA NATALIE ELLEN  

O dia de hoje, 05 de Julho, é uma data da qual lembramos com o coração apertado. Apertado de muita saudade, mas também de uma enorme gratidão pela bondade do Senhor. Hoje completa-se um ano do triste, porém glorioso dia, no qual a nossa doce e querida sobrinha Natalie Ellen Roper foi chamada e promovida ao seu lar celestial, para habitar junto ao Seu amado Salvador.

Há aproximadamente dois anos atrás, recebemos a terrível notícia de que a linda Natalie Ellen, de apenas doze anos de idade, filha mais velha dos seis filhos da nossa cunhada Emma Brown Roper, havia sido diagnosticada com Ewing’s Sarcoma em estado avançado, um raro tipo de câncer nos ossos que se espalha muito rapidamente, e sabíamos, desde então, que só o Senhor poderia curá-la, se Ele assim desejasse.

Em uma determinada noite, logo antes de iniciar o seu tratamento, a família inteira decidiu se mudar do estado da Georgia, EUA, para o estado de Nova Jersey, a fim de que ela pudesse receber o melhor tratamento possível, no melhor hospital para este tipo de câncer, localizado na cidade de Nova Iorque. A viagem foi realizada naquela mesma noite, quando, em meio a muitas dores, nossa querida Natalie deixou o conforto do seu lar terreno, para nunca mais retornar a ele.

Iniciaram-se, assim, os onze difíceis e doloridos meses de tratamento. Pela Providência divina, e pela ajuda e influência de vários parentes e amigos, a família conseguiu ser aceita no melhor hospital, com a melhor equipe médica, e recebeu o mais avançado tratamento para o seu caso. No entanto, embora ela desejasse e orasse tanto pela sua cura, ela temia muito os tratamentos e os suportou com muita dificuldade. E as notícias que recebíamos dos resultados destes tratamentos foram sendo cada vez menos esperançosas.

Mesmo em meio a tantas tribulações, Natalie Ellen continuava sendo uma jovem alegre, meiga, animada e sempre preocupada com os demais, como sempre havia sido. Ela amava estar na companhia de todos os seus familiares e amigos, amava cuidar de bebês e criancinhas pequenas, apreciava tudo o que é belo, e se deleitava em entoar cânticos e Salmos ao seu amado Senhor. Ela estava aprendendo a tocar piano e já podia tocar vários hinos. Ela gostava ainda de pintar, ler, fazer diferentes trabalhos manuais e cozinhar. Ela havia nascido e morado no Brasil até aos oito anos de idade, quando a família se mudou para o Estados Unidos, e foi educada em casa e nos caminhos do Senhor, pelos seus piedosos pais, durante todos os seus treze anos.

No dia em que recebeu o seu primeiro diagnóstico, ela chorou copiosamente, juntamente com os seus pais, pelas primeiras duas a três horas. Ela nunca tinha imaginado que uma doença como essa poderia ser a sua realidade. Depois disso, contudo, ela enxugou suas lágrimas e nunca mais as derramou desta forma. Pelo contrário, ela estava sempre consolando e confortando a todos os que estavam à sua volta, pedindo que não chorassem por ela, e demonstrando uma surpreendente e indizível alegria e contentamento com a vontade do Senhor, seja ela qual fosse, para a sua vida.

No mesmo momento em que recebemos a triste notícia do seu grave estado, eu e meu esposo - que já estávamos planejando ir visitá-los - deixamos tudo, entramos no carro com nossos pequenos filhos e, entre lágrimas e orações, durante uma viagem de três horas, pensávamos no que poderíamos dizer ou fazer por aquela amada família. Naquela mesma noite, quem nos recebeu na porta de sua casa foi justamente a nossa doce Natalie Ellen, com um grande abraço e um lindo sorriso no rosto, agradecendo-nos pela chegada e perguntando pelos nossos bebês, que ainda dormiam no carro. Nosso desejo era servir de consolo a ela e à sua família, contudo, ao invés disso, foi ela quem nos consolou e confortou com a sua bela atitude, gozo e contentamento.

E esta continuou sendo a realidade que pudemos constatar durante os próximos onze meses da sua vida, mesmo em meio às terríveis dores e cansativos tratamentos. Quando ela não estava sofrendo terríveis dores, e às vezes mesmo ao passar por elas, Natalie estava sempre cantando, sorrindo, participando de conversas, jogos e brincadeiras com seus primos e irmãos, consolando e sendo um canal de bênçãos para todos ao seu redor. Ela nunca se concentrava ou mesmo mencionava as suas próprias dores ou preocupações. Pelo contrário, sempre demonstrava enorme cuidado, simpatia e carinho para com todos os demais. Certa vez, ao encontrar-se internada no hospital, e após cantar o conhecido hino “Jesus me Ama, disso eu sei” com os seus irmãozinhos, eles começaram a chorar por saber que tinham de voltar para casa sem a Natalie e sua mãe. Foi então que ela se pôs a consolá-los dizendo: “Vocês acabaram de cantar que Jesus lhes ama e cuida de vocês, então por que estão chorando?” Sabíamos que este era também o seu maior consolo e esperança.
 
Natalie Ellen amava o Seu Salvador Jesus Cristo, e isso podia ser percebido pelos médicos, enfermeiros e todos os que lhe cercavam. Mesmo nas horas de dores e grandes sofrimentos, não se ouvia reclamações dos seus lábios, e nem se percebia angústia alguma em seu coração. Embora ela desejasse a cura e amasse a companhia dos seus irmãos, familiares e amigos, ela estava pronta para ir se encontrar com o seu Bom Pastor e melhor Amigo, na glória.

Tudo isso era resultado da obra de Deus na sua vida. Sim, ela já havia recebido aquilo que nós mais almejamos e pedimos para cada um dos nossos filhos: a conversão, graciosa e imerecida, das suas almas. Na providência de Deus, apenas duas semanas antes de ser diagnosticada com câncer, Natalie Ellen havia recebido, por obra extraordinária do Espírito Santo, uma vívida certeza da sua salvação. Ela chegou, no meio da noite, no quarto dos seus pais, chorando de alegria por descobrir e entender que, de fato, ela era filha do Deus vivo, e podia ter certeza de que, um dia, ela habitaria na glória eterna, juntamente com Cristo e com os seus santos.

Sim, este dia veio a chegar mais rápido do que ela imaginava, e Natalie também se entristecia, às vezes, por saber que teria de deixar tantas pessoas amadas para trás, por enquanto. Contudo, se tornou cada vez mais aparente e evidente em sua vida o seu desejo e humilde contentamento em aceitar a vontade do Senhor, seja ela qual fosse, e mesmo de ir, mais brevemente, para o seu lar celestial. Certa vez, ao ler um cartão que dizia apenas: “Pois, para mim, o viver é Cristo”, ela não pôde deixar de completar o trecho bíblico com os seus próprios lábios, dizendo: “E o morrer é lucro!”
 
Ela mencionou ainda, certa vez, que sempre havia desejado servir ao Senhor com a sua vida; mas que nunca havia imaginado que o Senhor queria que ela servisse a Ele com a sua morte. No entanto, como nós e muitos outros pudemos testemunhar, ela estava disposta para isso e a sua memória continua sendo um belo exemplo de fé e uma grande testemunha e lição da maravilhosa graça e bondade de Deus para com os seus filhos, seja em libertá-los da tribulação, seja em guiá-los e chamá-los, em meio à tribulação, para junto de Si.


Um dos seus Salmos preferidos era o Salmo 16, o qual cantamos inúmeras vezes com ela, e transcrevo aqui, traduzido e adaptado da versão em inglês, que pode ser encontrada no Saltério: “The Book of Psalms for worship”, da editora Crown and Covenant. 
Clique aqui para ouvir a melodia utilizada na metrificação deste salmo:


Salmo 16
Preserva-me, Ó Deus, pois confio em ti
Não ouso outro abrigo ou bem possuir,
"Tu és meu Senhor", vem minha alma dizer.
E em teus mensageiros está meu prazer.

Aqueles que por deuses trocam o Senhor
Irão sofrer penas, castigos e dor.
Sequer mencionar os seus nomes irei;
Somente ao Senhor sacrifício darei.

Tu és o meu cálice, herança e porção,
O único arrimo do meu coração.
A minha herança é formosa e sem par;
Em teus bons caminhos alegra-me andar.

Bendigo o Senhor, pois conselhos me dá;
Até pela noite vem me ensinar.
À minha direita o Senhor quero ter;
Com Ele ao meu lado, não vou perecer.

Alegra-se em mim meu espírito, então;
De júbilo exalta o meu coração.
Até o meu corpo irá repousar;
Seguro e a salvo contigo estará.


Meu corpo e minh'alma estão em tuas mãos;
Nem mesmo no abismo verei corrupção.
A tua presença é vida pra mim;
E à tua direita, delícias sem fim.