“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mulheres da Reforma Protestante - Lady Jane Grey

Lady Jane Grey
(1537-1554)

“A história que raramente é contada sobre a Reforma é a história das mulheres da Reforma. Nós tendemos a contar a história de todos os homens, e isto porque eles é quem foram os pastores, e nós que cremos nos ensinos baseados nas Escrituras, sabemos que o pastorado é um ministério reservado apenas para homens. Nisso, contudo, nós nos esquecemos do fato de que as mulheres também tiveram um papel muito significativo na história da Reforma Protestante.” (Crossway publications)

O papel que a maioria delas exerceu foi como esposas. Nós não teríamos Martinho Lutero, e tudo o que ele pôde realizar em prol do verdadeiro evangelho sem a sua esposa Kathe, a qual o auxiliou, apoiou e complementou em todas as áreas. “Estas mulheres receberam grandeza dos seus maridos, e retribuíram transmitindo delicadeza, bondade e beleza às suas vidas e ministérios. O que teria sido de Lutero sem a sua Kathe? De Zwinglio, sem Anna, a sua inseparável companheira? As mulheres da Igreja Reformada têm sido um elemento importante na sua história. Assim como Débora e Ester, juntamente com as Marias do Novo Testamento, ajudaram a construir a história bíblica, assim também as mulheres da Reforma têm contribuído para tornar a sua história ainda mais gloriosa.” (James I. Good – As Grandes Mulheres da Reforma)

Mas também houveram outras mulheres que fizeram excelentes e significantes contribuições por si próprias. Segundo Stephen J. Nichols, historiador e presidente do Reformation Bible College, bem como chefe acadêmico do Ministério Ligonier, uma das histórias que precisam ser contadas e rememoradas é a de Lady Jane Grey, que, além de mulher, foi uma jovem mártir da Reforma, fiel e piedosa, a qual também ficou conhecida como a Rainha dos Nove Dias. Ela recebeu este título por ter assumido o trono da Inglaterra por um período de apenas nove dias - sendo então destronada pelos seus adversários católicos e trancafiada na torre adjacente ao castelo, para então ser decapitada, em virtude da sua fé e amor a Cristo, com apenas dezessete anos de idade.

Em sua série de palestras “Reformation Profiles” (Perfis da Reforma) baseadas nos cinco “Solas” da Reforma Protestante, Nichols relaciona cada “sola” a um dos personagens principais deste período: Sola Scriptura a Martinho Lutero; Sola Gratia a Ulrich Zwingli; Sola Fide a Lady Jane Grey; Solus Christus a João Calvino e Soli Deo Gloria aos pós-reformadores e à rica herança que estas doutrinas deixaram para a verdadeira Igreja de Cristo. 

Daí a importância de conhecermos um pouco mais sobre esta jovem heroína da fé Cristã, Lady Jane Grey. Desde o início de sua adolescência, vemos que ela já possuía uma grande habilidade com as línguas. Ela já dominava o Latim e o Grego, e estava estudando o Novo Testamento em Grego. Ela escreveu uma carta a Martin Bucer, o teólogo que Calvino fez questão de ter como o seu tutor em Strausberg, perguntando a ele qual seria o melhor método para se estudar o Hebraico, a fim de que ela pudesse estudar o Antigo Testamento na sua Língua original. Ela tinha apenas por volta dos treze anos de idade, nessa época, e já dominava as línguas Grega e latina, as quais utilizava para o estudo das Escrituras. 

Após a morte do seu primo, Edward VI, que a havia nominado como a próxima rainha, ela assumiu o trono da Inglaterra, ficando assim conhecida como a “rainha dos nove dias”. Contudo, a meia-irmã de Edward VI, Mary (que mais tarde ficaria conhecida entre os protestantes como “Maria, a sanguinária”, em virtude do grande número de protestantes que ela executou) conseguiu unir as forças populares e armadas da Inglaterra, convencendo-os de que tinha direito ao trono. Assim, as tropas marcharam pela cidade de Londres para entronar Mary, e Lady Jane Grey foi aprisionada na Torre de Londres.

Mary, que tinha fortes convicções católicas, reverteu a Reforma que já estava acontecendo na Inglaterra e levou o país de volta ao catolicismo. Mary enviou o Bispo Feckenham para ir interrogar  Lady Jane na torre do castelo e tentar persuadi-la a se tornar católica, a fim de que fosse livrada da morte. Contudo, neste processo, ela exaltou tanto a doutrina da suficiência das Escrituras (Sola Scriptura) e demonstrou tanto conhecimento ao defender a Justificação pela fé somente (Sala Fide), que Feckenham simplesmente se retirou, não conseguindo refutar os seus argumentos ou debater com ela.

A sentença foi dada e ela foi condenada, de modo que esta jovem, fiel, piedosa, ousada e cheia de graça e conhecimento da verdade foi executada em virtude da sua fé, tornando-se mártir da Reforma Protestante na Inglaterra. Pouco antes do seu martírio, Lady Jane Grey escreveu algumas palavras em sua cópia do Novo Testamento que ela estava deixando para a sua irmã. Ela escreveu sobre como exteriormente esse livro não era enfeitado com ouro, como eram alguns dos livros mais refinados em sua biblioteca, mas “interiormente valia mais do que pedras preciosas”. Pedro afirma que Deus nos doou “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” nas “preciosas e mui grandes promessas” da sua Palavra (2 Pedro 1.3-4). A Palavra de Deus é suficiente para nos dizer o que devemos crer para que sejamos salvos e como podemos agradar a Deus. A sua profunda convicção de que a justificação vem pela fé somente a capacitou para encarar até mesmo a sua decapitação com a plena confiança de que a salvação da sua alma descansava nas mãos do seu Salvador, e não nas suas próprias.

Podemos ter alguma noção da teologia e da piedade de Lady Jane a partir da leitura desta carta que ela escreveu na véspera do seu martírio à sua irmã mais nova, de quatorze anos de idade, na época, Katherine Grey. Ela diz:

“Viva para morrer, a fim de que, pela morte, você venha a adentrar a vida eterna, e então goze da vida que Cristo garantiu para você, por meio da sua morte. Não pense, só porque você agora é nova, que a sua vida será longa, pois tanto jovens, como velhos são levados por Deus, quando Ele os chama.”

No dia da sua execução, Lady Jane carregava consigo apenas um livro de orações, com trechos bíblicos ou provenientes das obras de Jerônimo, Ambrósio e Agostinho, reconhecidos pais da igreja do século IV. No seu discurso final, estas foram as suas palavras:

“Boas pessoas, eu cheguei até aqui para morrer, e pela lei, sou condenada para tal. O fato contra a realeza foi ilegítimo, bem como o seu consenso por mim. Mas, no tocante à busca e desejo deste por mim, de minha parte, eu lavo as minhas mãos em inocência perante Deus, e perante a face de cada um de vós, bons cristãos, neste dia.”

O que ela queria dizer com estas palavras é que ela reconhecia a sua culpa perante a lei no tocante ao seu consentimento em ter assumido a coroa, no entanto, ela se declara inocente quanto às acusações de ter buscado ou mesmo desejado o reinado. Tendo dito isto, ela continuou:

“Eu oro para que todos vós, bons cristãos, sejam testemunhas de que eu morro como uma verdadeira mulher cristã, e que eu busco ser salva por nenhum outro meio, senão unicamente pela graça de Deus, no sangue do seu único Filho Jesus Cristo: e eu confesso que, mesmo tendo conhecimento da Palavra de Deus, muitas vezes eu a negligenciei, busquei a mim mesma e ao mundo; e portanto, esta praga e julgamento estão, feliz e dignamente, ocorrendo a mim por causa dos meus pecados. Contudo eu ainda agradeço a Deus que, pela Sua bondade, tem me concedido tempo e oportunidade para me arrepender. E agora, boas pessoas, enquanto eu ainda vivo, eu peço que me assistam com suas orações.”

Ela então se ajoelhou e pediu que a audiência ali presente recitasse com ela as palavras do Salmo 51, que começa com a petição: “Tem misericórdia de mim, Ó Deus.” Após a recitação deste salmo, Lady Jane Grey novamente se levantou e se preparou para a sua execução. As suas últimas palavras foram a citação das palavras de Cristo, na cruz: “Senhor, em Tuas mãos eu entrego o meu espírito”.


O testemunho desta jovem mártir da Fé Reformada deve nos encher de temor e admiração, não simplesmente pela sua bela vida e testemunho cristãos, mas pelo Deus que lhe concedeu fé e graça para suportar tamanha provação com a plena confiança de que a sua alma estava nas mãos do seu Redentor. Este é o Deus que continua a operar na vida da sua Igreja, concedendo as mesmas graças àqueles que as buscam em sinceridade e verdade, confiados no sangue remidor do Cordeiro. 

   

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Um Pequeno Herói da Reforma


Nesse dia em que comemoramos os 500 anos da Reforma, queremos compartilhar com nossos leitores essa pequena, mas preciosa biografia, escrita em forma de lições para as crianças, por Richard Newton*, o querido pregador e escritor das crianças no século XIX.  Embora no seu volume "Heróis da Reforma", ele tenha escrito também sobre os reformadores e teólogos mais famosos, a biografia desse jovem rei nos chamou a atenção porque ela responde a pergunta: "Como mesmo uma criança pode contribuir para o reino de Deus e para uma obra tão grande como a Reforma?", e a resposta está, pela graça de Deus, ao alcance de todos aqueles amam a Deus e a sua Palavra, que reconhecem que são chamados por Deus e obedecem a esse chamado; e que buscam servir ao próximo fazendo todo o bem que puderem. 




Eduardo VI,  O Pequeno Herói da Reforma




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 Ao falar dos bons homens que ajudaram a abençoada obra da Reforma na Inglaterra, nós não devemos esquecer de Eduardo VI, o jovem rei que sucedeu Henrique VIII. Ele é um dos personagens mais interessantes de que trataremos nessa obra. O nosso Salvador disse a Pedro quando ele estava na terra, "O que eu faço, não podereis entender agora, mas depois entenderás". Essas palavras se aplicam a muitas coisas. E a morte prematura desse jovem rei é uma delas. Nós não podemos entender agora por que ele morreu tão novo, mas quando chegarmos no céu nós vamos aprender muito mais sobre isso. 

Há três coisas sobre esse rei jovem e bom sobre as quais desejamos falar.

1. O Rei Eduardo era piedoso desde pequeno. Ele era o filho do famoso rei Henrique VIII, e nasceu no ano de 1537. A sua mãe morreu logo após o seu nascimento. Seu pai foi muito cuidadoso com a sua educação, e quando seu filho tinha apenas seis anos de idade, ele selecionou dois homens muito excelentes, um nobre piedoso e um fiel ministro do evangelho, para serem os seus professores. Esses bons senhores fizeram tudo o que puderam para que ele fosse bem educado. E eles descobriram que o menino era desejoso de aprender, e tão pronto a tirar proveito dos seus estudos, que antes de completar nove anos de idade ele já sabia escrever muito bem. Muitas cartas e redações escritas por ele nessa época, em Latim e Francês, foram preservadas, e estão guardadas no Museu Britânico como curiosidades. 

O bom arcebispo Cranmer também era um dos instrutores do pequeno príncipe. Então nós vemos que ele teve todas as vantagens possíveis de se ter. Mas, melhor do que tudo, o Senhor mesmo era o seu professor, e "quem ensina como ele?" Foi ele quem chamou Samuel quando ainda era um menino, para ser seu servo. E foi esse mesmo gracioso Deus que chamou esse jovem príncipe para conhecê-lo e Servi-lo, quando ele era tão novinho quanto Samuel. E como Samuel, ele ouviu o chamado de Deus e obedeceu. Que todos os meus pequenos amigos que lêem essa história possam ser chamados da mesma maneira, e como Samuel e o jovem príncipe Eduardo, que eles possam obedecer o chamado!



2. O Rei Eduardo amava a Bíblia. Ele mostrou esse amor de várias maneiras. Uma destas era lendo a Bíblia diligentemente. Outra era pelo seu desejo de entendê-la à medida que lia. Mas o melhor de tudo, ele mostrou o seu amor pela Bíblia tentando obedecer os seus ensinamentos, e viver da maneira que ela nos ensina a viver. 

Conta-se de dois incidentes interessantes sobre o rei Eduardo, que mostram quão grande era seu amor e reverência pela Bíblia. Um desses é ilustrado pela gravura ao lado. Certo dia, o pequeno príncipe estava na biblioteca. Ele desejava pegar algo de uma prateleira alta, que ele não conseguia alcançar. Havia um livro grosso sobre a mesa. Um dos seus servos pegou o livro e o colocou no chão para que o menino subisse nele. Eduardo viu que o livro era uma Bíblia. Ele a levantou do chão e a colocou reverentemente sobre a mesa novamente, e então, pondo suas mãos sobre ela, disse muito seriamente, "Esse é o abençoado livro de Deus. Não é certo que pisemos sob os nossos pés aquilo que Ele nos deu para entesouramos em nossas mentes e corações". 

O outro incidente está conectado com a sua coroação, ou o ato em que ele foi tornado rei. Em países que têm reis essa é sempre uma grande ocasião. O pai de Eduardo morreu quando este tinha apenas dez anos de idade. E nessa tenra idade Eduardo foi feito rei. Uma grande procissão se formou para aquela ocasião. Três espadas foram trazidas para serem carregadas diante dele nessa procissão. Elas representavam os três reinos: Inglaterra, Irlanda e Escócia. Eduardo disse que queria ainda outra espada, que era a Bíblia ou a espada do Espírito. E ele insistiu que se carregasse a Bíblia juntamente com aquelas três espadas, para mostrar que era da Palavra de Deus que ele derivava sua autoridade como rei. 


3. O bom Rei Eduardo morreu. Ele reinou apenas seis anos. Ele morreu aos 16 anos de idade de um ataque de Sarampo. Mas naquele pouco tempo ele fez muito de bom. Ele fez com que as Escrituras circulassem em todo o país. 36 diferentes edições da Bíblia inteira ou do Novo Testamento foram impressas e vendidas durante o seu reinado. Além dessas, porções da Bíblia e outros bons livros foram espalhados por toda parte em grande quantidade.  As imagens foram removidas das igrejas, e as leis conhecidas como os "Estatutos Sanguinários" foram repelidas. E então ele estabeleceu e doou dinheiro para sustentar hospitais para os doentes, e escolas para os pobres, que existem até hoje, e que por centenas de anos tem feito um imenso bem para centenas e milhares de pessoas. 

Vamos então tentar seguir o exemplo desse jovem rei: amando a Deus, amando a Sua Palavra e fazendo todo o bem que pudermos.



* Richard Newton (1813-1887) nasceu na Inglaterra, mas viveu grande parte de sua vida nos Estados Unidos, onde estudou e se tornou pregador do Evangelho e reitor de várias instituiçoes. Ele era muito bem sucedido em preparar sermões para crianças e se tornou famoso por suas contribuições para a literatura juvenil. Charles Spurgeon se referia ao Dr. Newton como "O Príncipe dos Pregadores para os Jovens". Dentre seus escritos, muitos dos quais foram traduzidos para dezenas de idiomas, estão Rills from the Fountain of Life, Bible Jewels, Nature's Wonders, The King in His Beauty, The King's Highway e The Life of Jesus Christ for the Young. O presente texto foi extraído da obra Heroes of the Reformation: Life Changing Lessons for the Young, com a permissão de Solid Ground Christian Books.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

A FLOR DA SALVAÇÃO



Como Podemos Rememorar a Reforma com as Crianças?


Nesses dias especiais em que lembramos dos 500 anos da Reforma Protestante, muitos de nós, pais, pastores e professores estamos pensando em como podemos ensinar nossas crianças sobre a importância daquele evento e seu significado para nós hoje e o que nossos filhos precisam aprender para compreender e valorizar a herança que os reformadores nos deixaram.

Estudando a História da Igreja

Uma das maneiras de fazer isso é estudar com eles  a História da Igreja - e sugiro que deveríamos tê-la como parte do seu currículo escolar desde cedo, seja na escola cristã, escola dominical ou no lar, para que possam entender as maneiras como Deus tem conduzido a sua igreja desde os tempos do Antigo e Novo Testamento, passando pelos pais da igreja e cristãos medievais, a fim de que o significado da Reforma seja compreendido em seu contexto e o impacto das verdades redescobertas ali seja ressaltado à medida que a criança ou jovem entende também as trevas, a corrupção e a cegueira que dominava a igreja medieval. Elas devem então estudar os pré-reformadores, a vida e a obra de cada reformador, e a herança reformada nos países protestantes, e aprender a valorizar e aplicar a verdade bíblica também para a época, lugar e contexto em que vive.

Estudando as Doutrinas Reformadas


Outra abordagem importante é explicar para as crianças as principais doutrinas ou ensinos que a Reforma redescobriu. Uma das doutrinas centrais da Reforma, sobre a qual havia unanimidade entre os reformadores, era a doutrina da salvação. “Como Podemos Ser Salvos?” é realmente a pergunta mais importante da religião e que somente a Bíblia responde satisfatoriamente. Para crianças menores, você pode começar explicando os 5 “Solas” da Reforma: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus, e Soli Deo Gloria são doutrinas que explicam também como somos salvos. A Igreja Católica ensinava que nós podemos cooperar com Deus na nossa salvação, seja comprando perdão, fazendo boas obras, castigando a nós mesmos, conseguindo o favor do papa ou orando a santos. Os reformadores nos ensinaram que o caminho da salvação é encontrado somente na Bíblia (Sola Scriptura),  que a salvação não é comprada, mas é um presente da graça de Deus (Sola Gratia), que está somente em Cristo e que na cruz Ele fez tudo o que era necessário para salvar todo o seu povo (Solus Christus)  e que recebemos o dom da salvação somente pela fé nEle (Sola Fide) e assim, por que a Salvação é de Deus somente, toda a glória pertence a Ele (Soli Deo Gloria).

O Acrônimo TULIP


Mas há ainda um outro recurso que tem ajudado a igreja a lembrar e a compreender melhor essa importante doutrina da salvação redescoberta pelos reformadores. Trata-se do acrônimo TULIP. Vou lhes contar um pouco sobre a sua história, o que ele significa, e como ele pode nos ajudar no ensino das crianças:

Breve História dos Cinco Pontos do Calvinismo


Alguns anos depois da Reforma, um professor holandês chamado Jacó Armínio começou a ensinar coisas erradas sobre a salvação, que no fundo eram bem parecidas com os erros da igreja católica, pois ele dizia que o homem não é tão mau e pecador como a Bíblia diz, que ele pode fazer coisas para merecer a salvação, que ele pode escolher ou rejeitar a salvação, que é possível perder a salvação e outros erros. Cerca de 100 anos após a eclosão da reforma, em 1610, um ano após a morte de Armínio, os seus seguidores resumiram o ensino arminiano em cinco artigos que usaram para protestar contra a doutrina da salvação pregada na igreja reformada holandesa. Eles queriam que a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg, que eram símbolos de fé reformados, fossem mudados para se conformarem ao ensino arminiano.


Por isso, em 1618 se convocou um sínodo nacional conhecido como o Sínodo de Dort, em que cerca de cem teólogos holandeses e de vários países reformados europeus se reuniram para examinar o ensino arminiano a luz das Escrituras. Durante seis meses foram realizadas 154 reuniões, em que eles estudaram e rejeitaram o ensino de Armínio como contrário às Escrituras e rebateram cada um desses erros com 5 verdades bíblicas sobre a Salvação, que explicam a nossa situação de pecado e a maneira como somos salvos, conforme ensinaram Lutero, Calvino e outros reformadores, os quais, embora divergissem aqui e ali em uma ou outra doutrina, eram unânimes em sua fé na doutrina bíblica da soberania de Deus e da inabilidade do homem na salvação.

Como a Tulipa pode Nos Ajudar?


Em inglês, essas 5 verdades ou pontos podem ser facilmente lembrados pelo acrônimo TULIP, cada letra nos lembrando de uma dessas verdades que a Bíblia ensina. Tulip é, em inglês, o nome de uma bela flor, muito cultivada na Holanda, que muitas vezes é desenhada com 5 pétalas (na verdade ela tem três pétalas e 3 sépalas que se parecem tanto com pétalas que a tulipa parece ter 6 pétalas). Assim, cada letra do seu nome nos lembra desses 5 pontos importantes que devemos compreender muito bem porque nos farão apreciar muito mais a bondade, a misericórdia e o poder de Deus em nos salvar.

Infelizmente no Português esses termos não se encaixam bem com as letras da Palavra Tulipa, então o jeito é aprendermos em inglês mesmo! Fizemos o poema abaixo especialmente para ajudar seus filhos a compreender essas verdades - e de quebra ainda aprenderão mais algumas palavras em inglês! Experimente também reforçar com atividades como: ler em voz alta, fazer um cartaz com o acrônimo, ilustrar cada ponto em um carta, recitar um jogral ou mesmo memorizar ou musicalizar esse poema! Indicaremos mais sugestões de atividades no final dessa postagem.  Vamos lá!



A Flor da Salvação 


A tulipa é uma flor que me ensina uma lição 
Suas cinco belas pétalas tem a ver com a salvação
Cada letra me ensina que não importa o que eu faça 
Salvo sou pois Deus me amou, não por obras, mas por graça.

T- Total Depravity (Depravação Total)
T é de total - De total depravação 
Quer dizer que sou tão mau- Pois sou um filho de Adão
Cada parte do meu ser está suja e corrompida 
Estou morto em meus pecados, sem vontade e sem vida.

U- Unconditional Election (Eleição Incondicional)
U e de "un" - que equivale ao nosso "in-"
De incondicional - assim foi minha eleição
Quer dizer que Deus me amou, nada dependeu de mim. 
Nada fiz pra merecer Seu amor e seu perdão.

L- Limited Atonement (Expiação Limitada)
L é de Limitada- Limitada expiação 
Quer dizer que não são todos os que alcançarão perdão 
Mas eu sei que estou seguro, Cristo não morreu em vão
Limitado é o número, mas não minha salvação.

I- Irresistible Call (Chamado Irresistível)
I é de irresistível - mesmo estando eu na lama
Deus me ama e me escolhe, e a quem escolhe, ele chama
Com o poder do seu Espírito ele muda o coração
Já não quero e não posso resistir ou dizer não.

P- Perseverance of the Saints (Perseverança dos Santos)
P é a perseverança - dos santos ou cristãos 
Quer dizer que eu jamais vou perder a salvação 
Todos os que são amados, eleitos e chamados 
Até chegar no céu, vão ser por Deus guardados.

Já sei o que significa - seja tulip ou tulipa 
É a flor da salvação - e como ela é bonita!
Como a Bíblia ensinou e explicou João Calvino
É a doutrina reformada do bondoso amor divino. 

                                                                                                      - K. Davis

É importante lembrar que esses cinco pontos são todos interligados e na verdade formam apenas uma única doutrina da Salvação. O teólogo J. I. Packer a resumiu em três palavras muito simples: "Deus Salva Pecadores". Assim, devemos tentar ver como essa doutrina é uma só:  

1- (Depravação Total) Nós somos pecadores totalmente perdidos e incapazes de fazer qualquer coisa pela nossa salvação. Nossa mente, nossa vontade e coração estão mortos para as coisas de Deus e nunca poderíamos ser salvos se não fosse por iniciativa e poder divinos. Por isso reconhecemos com gratidão que:

2- (Eleição Incondicional) Deus é soberano na salvação e escolhe aqueles que salva sem mérito algum de nossa parte, e não porque prevê que uns serão melhores ou terão mais fé que outros. Ora, se Ele escolhe alguns para salvação, segue-se que:

3- (Expiação Limitada) Cristo não morreu por todos os homens, apenas oferecendo uma possibilidade de salvação para alguns que vierem a crer (podemos comparar a doutrina arminiana a uma ponte muito larga, mas incompleta), mas Ele morreu apenas pelos eleitos, a quem salva de verdade e completamente (compare a uma ponte estreita, mas que leva até o outro lado do rio); o limite está no número dos eleitos, mas não no poder de Cristo, que salva completamente os eleitos. E como Deus os salva?

4- (Chamado Irresistível) Deus dá nova vida ao pecador pela obra regeneradora do Espírito Santo no seu coração, que lhe chama de entre os mortos de uma maneira poderosa e irresistível pela Palavra e lhe dá o desejo e a capacidade de ter fé e de obedecer a Palavra de Cristo. E, com o mesmo poder que Deus chama o pecador à vida e à fé em Cristo, Ele o sustenta, de modo que:

5- (Perseverança dos Santos) Aqueles a quem Deus escolhe, e chama, e dá nova vida, fé e o desejo de viver para a glória dEle, a esses Ele promete sustentar pelo seu poder a fim de que perseverem na graça de Deus até o fim, de modo que jamais podem perder a sua salvação.

* Para quem deseja estudar melhor o significado de cada termo, indicamos o livro Calvinismo, de Paulo Anglada, disponível na loja da Knox Publicações.



Sugestões de Atividades Complementares: 


Para todas as Idades:

Responda:

- O que a Bíblia ensina sobre a Salvação?

- O que Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espirito Santo fazem na nossa salvação?

- Por que o ensino bíblico sobre a salvação é precioso e belo? 

Para Crianças Pequenas: 

- Recite o poema

- Ilustre cada seção do poema

- Copie o acrônimo Tulip com os termos em Inglês e a tradução para o português

- Pesquise mais sobre a Tulipa (número de pétalas, cores, tamanho, como plantar, etc.)

- Pesquise mais sobre a Holanda e sua relação com a Reforma - e com as tulipas!

- Aprenda a desenhar uma tulipa. Você pode escolher um dos modelos abaixo:





Para Crianças Mais Velhas:

- Pesquise mais sobre a história dos 5 pontos do Calvinismo e sobre o Sínodo de Dort e compartilhe com sua família ou classe o que aprendeu.

- Elabore um quadro comparativo mostrando os 5 pontos do Arminianismo versus os 5 pontos do Calvinismo.

- Pesquise pelo menos um (ou mais) textos bíblicos que comprovem cada ponto do acrônimo Tulip.

- Pesquise sobre a Vida de João Calvino e escreva um breve texto com sua biografia.

- Explique oralmente ou em uma redação como os 5 pontos do Calvinismo formam uma única doutrina da salvação.

- Pesquise mais sobre a Igreja Reformada Holandesa e sobre os símbolos de fé adotados por ela.

- Se familiarize com os Cânones de Dort, e leia porções dele sobre um dos 5 pontos do Calvinismo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PROMOÇÃO PRESENTEIE UM CD INFANTIL DEUS ME FEZ!



Prezados irmãos e amigos, 


Nesse mês de dezembro estamos com uma promoção muito especial para quem deseja adquirir ou presentear familiares e amigos nesse fim de ano com o belíssimo album infantil baseado no Catecismo de Westminster, o CD Deus Me Fez: Para a Sua Gloria.

Estamos vendendo o CD (MP3) pelo preço de atacado! Durante o mês de Dezembro, você pode comprar o cd em qualquer quantidade por apenas R$ 15,00! Promoção válida enquanto durar o estoque! Envie-nos um e-mail para macasdeouro@gmail.com e retornaremos com mais informações. 

Sobre o CD Deus Me Fez

As 20 canções do CD Deus Me Fez cobrem temas como a Criação, A Pessoa  e as Obras de Deus, o Pecado, o Plano e o Pacto da Salvação, a Oração, entre outros, e são um excelente auxilio para pais que desejam repassar essa herança a seus filhos de maneira fiel e eficaz por meio de belas canções que agradam a todas as idades.

Aproveite sua visita aqui no blog macasdeouro.blogspot.com para ler mais informações sobre o álbumouvir uma amostra do CD, e para assistir um vídeo inédito com clipes da gravação do cd! (abaixo). 

Faça seu pedido mandando um e-mail para macasdeouro@gmail.com, e retornaremos com mais informações, ou contacte Karis pelo what’s app ‭‭+55 (94) 99270-2229‬‬


Informamos também que as musicas também estão disponíveis para download no iTunes, Google play, One Rpm e na Amazon- EUA.  O playback para download é comprado como um álbum separado. Mais informações clique aqui.

Aproveite essa oferta!😉

Um abraço e um Feliz Fim de Ano! 

Karis Davis 

VEJA O QUE ESTÃO DIZENDO DESSE ÁLBUM!!!




VIDEO e CLIPES DA GRAVAÇÃO - INÉDITO!!!



quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O Verdadeiro Amor - Por J. C. Ryle

 Breve Exposição do Texto Bíblico de João 13:12-17 – J. C. Ryle

“Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, seu eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.”


Filipenses 2:1-8

“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.”


Esta preciosa passagem das Escrituras se aplica, sem dúvida, a todos os cristãos, mas tenho a impressão de que as mães de crianças pequenas, juntamente com as suas próprias crianças, seriam muito beneficiadas se mantivessem estas palavras sempre em mente. Não há nenhum trabalho que seja trivial ou desonroso demais para realizarmos, não apenas para homens, mas para o Senhor. “Em todo trabalho há proveito” (Prov. 14:23)
Ah, se nós compreendêssemos melhor a importância destas verdades e deixássemos muitas de nossas comodidades de lado para realizar um bem maior às nossas próprias famílias ou a irmãos necessitados. Que o nosso Bom Mestre nos ensine esta lição a cada dia, de modo que possamos ensiná-la e exemplificá-la também aos nossos filhos, para o bem de nossas próprias famílias, igrejas e comunidades!


   
“Se o único e eternamente-gerado Filho de Deus, o Rei dos Reis, não hesitou em realizar a tarefa mais humilde de um servo, não há nada que os seus discípulos possam pensar que não merecem fazer por se julgarem grandes ou bons demais para tal insignificante tarefa. Nenhum pecado é tão ofensivo a Deus e tão agressivo à alma quanto o pecado do orgulho. E nenhuma graça é tão elogiada, seja por preceitos ou por exemplos, nas Escrituras, quanto a humildade. “Revesti-vos de humildade” (1 Pedro 5:5). “Aquele que humilha a si mesmo, será exaltado” (Lucas 18:14). “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo...” (Filipenses 2:5-8). A Igreja estaria muito melhor se esta mesma simples verdade fosse mais relembrada e a real humildade não fosse tão rara, como tristemente é. Talvez não haja uma visão mais desagradável aos olhos de Deus quanto a de um auto-estimado, auto-satisfeito, auto-contentado e presunçoso professo da religião.
         O amor é manifestadamente o outro lado desta grande lição prática. O nosso Senhor deseja que nós amemos tanto aos outros, que deveríamos nos deleitar em fazer qualquer coisa que possa promover a sua felicidade. Nós devemos nos regozijar em realizar qualquer gentileza, mesmo nas menores coisas. Nós devemos contar como um prazer quando podemos aliviar qualquer sofrimento ou multiplicar alegrias, mesmo quando isso nos custar grande auto-sacrifício e auto-negação. Nós devemos amar a cada filho de Adão tão bem que, se com a menor trivialidade, pudermos fazer alguma coisa para deixá-lo mais feliz e confortável, nós deveríamos estar contentes em fazê-lo. Esta era a mentalidade do nosso Mestre e este foi o princípio regente de toda a Sua conduta nesta terra. Há somente muito poucos que andam nas Suas pegadas, temo eu, mas estes poucos são homens e mulheres segundo o Seu próprio coração.” (J. C. Ryle)