“Como Maçãs de Ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv. 25.11)

“Feliz o homem que acha a sabedoria e o homem que adquire o conhecimento;
... é Árvore de Vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm." (Pv. 3:13,18)

sábado, 27 de abril de 2019

Capítulo 8 Banidos

  Todos em Eichbourg estavam ansiosos para saber qual seria a sentença desse caso desventuroso. Todas as pessoas amigáveis temiam pela vida de Mary, pois, naqueles dias, o crime de furto era punido com excessiva severidade e a pena de morte era muitas vezes infligida pelo roubo de artigos muito menos valiosos do que aquele anel. O Conde sinceramente desejava que a inocência de Mary fosse provada. Ele mesmo leu todo o testemunho e conversou por horas com o juiz, sem ser capaz de convencer a si mesmo da inocência de Mary. Tanto a condessa , quanto a sua filha, Amelia, imploraram, com lágrimas, que Mary não fosse morta; enquanto o seu pai idoso gastava dias e noites em oração incessante, para que a graça do Senhor fosse suficiente para ela e que a sua força fosse aperfeiçoada na fraqueza. Toda vez que Mary ouvia o carcereiro entrar em sua cela, ela pensava que ele iria anunciar a ela a hora de sua morte. E nesse meio tempo, o executor estava engajado na preparação do terrível dia.

         Certo dia, quando Juliette estava caminhando, ela viu o executor ocupado com esses preparativos e o seu coração se encheu de pesar. O terror parecia privá-la dos seus demais pensamentos, e quando ela se assentou para o jantar, ela nem tocou em sua comida e todos perceberam que ela estava sofrendo alguma agonia oculta em sua mente. Ela teve uma noite terrível e, mais de uma vez, em seus sonhos, ela viu a cabeça da Mary cortada. O seu remorso não lhe deu descanso, nem de dia, nem de noite, mas o coração dessa criatura miserável estava endurecido demais para confessar as suas mentiras, a fim de salvar Mary.

         Por fim, o juiz pronunciou a sentença. Mesmo tendo a Mary sido culpada de pena de morte, a sua pena foi mudada para exílio perpétuo, ao levarem em conta a sua idade e a sua reputação prévia imaculada. Essa sentença também foi estendida a James, e tudo o que eles possuíam foi confiscado, uma vez que acreditava-se que ele era cúmplice do crime, ou que o seu mau exemplo ou negligência tinham contribuído para levá-la a se desviar. A sua punição poderia ter sido mais severa, não fosse a súplica sincera do Conde e de sua família. James e Mary foram conduzidos para fora das fronteiras da cidade por um guarda e a jornada deles começou naquele mesmo dia.

         De manhã cedo, no dia seguinte, conforme Mary e seu pai passavam na frente do portão do castelo, em seu caminho para a prisão perpétua, Juliette saiu do castelo. Vendo que o caso, ao contrário de todas as expectativas, havia tomado um rumo diferente do que ela tinha previsto, esta moça astuta e sem nenhum bom sentimento, recobrou a sua disposição. Ainda que ela não desejasse que Mary fosse levada à morte, ela tinha objeções quanto ao seu exílio. Assim que ela descobriu que a vida de Mary havia sido poupada, o seu ciúme voltou com toda a força. Ela ainda a odiava e tinha grande inveja dela, por causa do amor que a Condessa havia lhe mostrado. Alguns dias antes, Amélia viu a cesta que Mary tinha dado a ela em uma estante e disse para Juliette: 

         ー Leve essa cesta daqui, para que eu nunca mais a veja, pois ela me traz lembranças tão dolorosas que eu não suporto olhar para ela. Juliette pegou a cesta e a guardou em seu próprio quarto, e agora a trouxera novamente, neste momento tão difícil para Mary e seu pai. 

         ー Pare! Aqui está o seu presente! – Chamou Juliette – Você pode pegá-lo de volta; a minha senhora não deseja nada vindo de pessoas como você. A sua glória passou com as flores pelas quais você foi tão bem paga, e é um grande prazer para mim devolver esta cesta.

        Ela a lançou aos pés de Mary e, com um sorriso desdenhoso, entrou no castelo. Mary pegou a cesta em silêncio, com lágrimas em seus olhos, e continuou em seu caminho.

        O seu pai não tinha sequer um bengala para lhe ajudar em seus passos instáveis. Mary não tinha nada além de sua cesta; seus olhos encharcavam-se com lágrimas ao passar por cada lugar tão familiar a ela, fitando-os afetuosamente, enquanto as memórias de tantos dias felizes começavam a desaparecer. No momento em que ela se virou, pela última vez, ela acenou adeus, primeiro para o chalé, depois para o castelo, e por último, para a torre da igreja, que desapareceu da sua vista, por trás de uma colina coberta de árvores. 

        Quando o guarda os conduziu até os limites da cidade, praticamente já dentro da floresta, o velho homem, completamente exausto, sentou-se sobre o musgo, debaixo da sombra de um velho carvalho. 

        – Venha, minha filha – ele disse, tomando Mary em seus braços, juntando as suas mãos com as dela, e levantando-as aos céus. – Antes de irmos, vamos agradecer a Deus, que nos tirou de uma prisão pequena e escura, e nos permitiu aproveitar livremente a luz do céu e o frescor do vento ー ao Deus que salvou as nossas vidas e que devolveu você, minha querida filha, para o abraço deste seu pai. 

       O homem idoso caiu de joelhos e, com profunda gratidão no coração, sinceramente agradeceu ao Senhor por todas as bênçãos do passado e suplicou a proteção de seu Pai celestial para o futuro. Terminando a sua oração, James orou assim: 

       – “Sê nosso guia e guarda através dos perigos aos quais podemos ser expostos. Conduz os nossos passos, nós oramos a ti, entre aqueles que são povo Teu, e inclina os seus corações para nos ajudarem. Dá-nos, ó Senhor, um cantinho nesse mundo, onde possamos terminar a nossa peregrinação em tranquilidade e morrer em paz. Nós cremos que tu já preparaste para nós uma habitação para onde iremos, embora não saibamos onde ela é. Capacita-nos a caminhar em fé e confiança em ti, até que Tu nos leve ao lugar onde escolheste para que habitemos. Fortalece-nos, nós te pedimos, em nossa jornada, e dá-nos a Tua paz, por amor ao nosso Senhor Jesus Cristo”. 

       Depois de orarem assim, juntos, pois cada palavra da oração de seu pai ecoava no coração de Mary, eles se levantaram renovados e confortados e se prepararam para seguirem o seu caminho com coragem, e até mesmo com alegria. 


A oração é o discurso mais simples

Que os lábios das crianças podem pronunciar.


quarta-feira, 10 de abril de 2019

Capítulo 7 James visita Mary na prisão

O juiz encontrou grande dificuldade para tomar uma decisão.
– Hoje é o terceiro dia ー disse ele ー e nós não tivemos nenhum progresso além do que tivemos na primeira hora. Se eu previsse qualquer possibilidade de que o anel estivesse em outras mãos, eu acreditaria que essa mocinha é inocente. Mas todas as circunstâncias caem tão claramente sobre ela. É impossível que haja outra maneira. Ela só pode ter roubado o anel.

Ele voltou à Condessa e novamente a questionou sobre as circunstâncias mais minuciosas; Juliette também foi interrogada novamente; ele passou o dia inteiro revisando o testemunho e ponderou sobre cada palavra que Mary havia pronunciado em seu testemunho. Por fim, já era tarde quando ele mandou chamar o pai de Mary da prisão para a sua casa.

ー James Rode ー ele disse ー você sabe que eu sou um homem severo, mas você me fará justiça em dizer que, embora rígido, eu não sou cruel ou injusto. Você, espero, acreditará que eu não desejo a morte de sua filha, não obstante, todas as circunstâncias provam que ela cometeu o furto e a lei requer a morte dela. O testemunho de Juliette dá completa evidência do fato. Porém, se o anel for devolvido e o dano for, assim, reparado, nós podemos garantir que Mary seja perdoada, levando em conta a sua idade.

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sábado, 12 de janeiro de 2019

Capítulo 6 O julgamento de Mary

Capítulo 6 - O julgamento de Mary

Cedo na manhã seguinte, um carcereiro veio para conduzir Mary para o tribunal. Ela sentiu um calafrio conforme ao entrar no grande cômodo sombrio, onde a luz do dia mal adentrava pelos pequenos vitrais de uma alta janela de estilo gótico. O juiz estava sentado em uma grande cadeira elevada e coberta de escarlate, e o escrivão sentava-se à uma mesa escurecida pelo tempo. O juiz fez várias perguntas a ela e Mary as respondeu todas com a verdade requerida. Com lágrimas, Mary insistia em declarar a sua inocência.
ー Você não pode me enganar com isso, porque é impossível. Não tente me fazer acreditar nessas mentiras! Disse o juiz. Ninguém, senão você mesma, entrou no quarto. Ninguém, além de você, pode estar com o anel. Confesse de uma vez!

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Capítulo 5 Mary na prisão

Mary estava quase sem sentidos quando eles a levaram à prisão. Quando finalmente despertou para a sua completa miséria, ela chorou, soluçou, juntou as suas mãos e começou a orar. Com o tempo, cheia de terror, desolada com a tristeza e exausta de tanto chorar, ela se jogou na cama de palha e logo fechou seus pesados olhos e dormiu. Quando acordou, era quase noite.

Leia o texto completo no novo blog: Capítulo 5 - Mary na prisão

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Ano Novo: O Valor do Tempo - Por Elizabeth Julia Hasell

Prezados leitores,

Neste fim de ano, o nosso coração se enche de gratidão e louvores a Deus por toda a Sua bondade e imensos favores derramados a nós neste ano que agora se finda. Tantas são as bênçãos que não se pode contar ou medir, apenas agradecer. Dificuldades e tristezas certamente nos foram enviadas também, mas especialmente nelas Deus tem sido a nossa fortaleza, abrigo, conforto e Amigo sempre perto. 

Igreja, família e amigos que nos cercam, de perto ou de longe, também merecem nossos sinceros agradecimentos. Cada um de seus gestos de amor, auxílio e encorajamento fazem com que a nossa jornada nesta vida seja adornada pela graça e misericórdia que provém do Senhor e se expande entre os que são Seus.

Com isto em mente, e lembrando-nos de que ambos os anos que se finda e o que está se iniciando agora foram concedidos a nós pela boa mão, cuidado e providência do Senhor, traduzimos este trecho da antiga autora Elizabeth Julia Hasell para nos lembrar de quão precioso é o tempo que Ele nos dá. 


"O tempo é curto." (1 Cor. 7:29) - Por Elizabeth Julia Hasell (1830-1887)


Para o cristão, o quão valioso é o tempo! E Deus o concedeu a nós, apenas minutos após minutos, para nos mostrar que preciosa dádiva Ele nos permite ter nestas pequenas gotas. Quão breve o tempo se acaba! Quão curta é a mais longa vida! Entretanto, o tempo nos é dado para nos prepararmos para a eternidade. Do mesmo modo como gastamos o nosso tempo neste mundo, assim também passaremos a eternidade. Pois a questão “onde eu passarei a eternidade?” deve ser decidida neste tempo, visto que, quando ela se iniciar, então já será tarde demais.

O tempo nos é dado para que sirvamos ao Senhor nele. O tempo nos é dado para nos arrependermos e para crermos no evangelho. O tempo nos é dado para que façamos o nosso dever em nossa própria localidade e estação. O tempo nos é dado para que façamos bem aos outros. Contudo, quanto tempo é desperdiçado! Fofocas e conversas vãs de casa em casa, atenção demasiada ao vestuário, ao invés da ordem e pureza, leituras e prazeres vãos, tantas coisas nos fazem desperdiçar um tempo tão precioso!

Mas há uma ideia específica que eu gostaria que você tivesse, um só pensamento que eu confio que o Santo Espírito pode escrever nos seus corações, e eu oro para que Ele o conserve nos seus corações também, pois Satanás e o mundo gostariam que pensássemos exatamente o contrário. E esta ideia que eu repito: o tempo nos é dado para que nos preparemos para a eternidade. Eu sou responsável e terei de prestar contas a Deus pelo meu uso ou pelo meu abuso do tempo que Ele me concede.


Oremos a Deus para que nos dê a graça de gastarmos o nosso tempo em Seu serviço, e de fazermos o nosso dever em nosso próprio dia e geração, bem como em nos preparar para a vida que ainda virá. Então, quando o tempo finalmente se esgotar, adentraremos em uma gloriosa eternidade por meio de Cristo, o nosso Senhor. O ímpio e o descuidado então desejarão, quando todo desejo será em vão, que eles tivessem, desta maneira, devotado o seu precioso tempo para Deus. O que pecadores não dariam, ao final, por um só curto dia! Ó, então, eu lhe imploro, seja sábio agora. Seja sábio neste tempo. Considere os seus caminhos e se prepare para uma vida que nunca cessará!     


"Eu creio que até mesmo o melhor dos santos de Deus, ao contemplar de perto uma vasta eternidade, terá de lamentar qualquer distância que tiveram de Deus ao longo da sua caminhada: lamentará não tê-Lo tido em todos os seus pensamentos, como um Deus presente, sempre às suas vistas. Lamentará não ter tido os seus olhos sempre cheios Dele, vendo-O e reconhecendo-O em tudo. Pois Ele está em tudo, possamos nós vê-Lo ou não. Ó, o saber que Ele é nosso, e que nós somos Dele! Ó, o achegarmos nós a Ele, em fé, e contar a Ele tudo o que está em nossos corações, conscientes de que temos o ouvido e o coração do próprio Jeová voltado para nós em nossas aflições... não é isto a mais substancial e verdadeira felicidade?" Mary Winslow (1774 - 1854)

E pensando neste nosso amor a Cristo e em como ensiná-lo às nossas crianças, concluiremos este ano de 2018 com mais este trecho do conhecido bispo anglicano J. C. Ryle, já citado várias vezes neste blog, comentando sobre a seguinte passagem do último capítulo do Evangelho de João:



João 21:15-17

“Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. 
Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas.
Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.”

O amor a Cristo é o ponto em que nós especialmente precisamos focalizar ao ensinarmos as nossas crianças sobre religião. A verdade de que Ele nos amou ao ponto de morte, e de que eles devem amá-Lo em virtude disso, é algo que vai ao encontro daquilo que as suas pequenas mentes podem muito bem conceber e crer.

O amor a Cristo é o ponto de encontro comum entre os crentes de qualquer ramo da Igreja de Cristo na Terra. Ambos Episcopais ou Presbiterianos, Batistas ou Independentes, Calvinistas ou Arminianos, Metodistas e Moravianos, Luteranos e Reformados, Estabelecidos ou livres, ao menos neste ponto estão de acordo. Sobre formas e cerimônias, sobre a forma de governo da Igreja e estilos de culto eles podem diferir bastante. Mas neste ponto específico, eles estão unidos. Todos têm o mesmo sentimento em comum em relação Àquele em quem toda a sua esperança de salvação está construída. Eles amam ao Senhor Jesus Cristo com sinceridade (Ef. 6:24). Alguns deles talvez sejam ignorantes quanto à teologia sistemática e possam argumentar muito pouco em defesa do que crêem. Mas eles todos sabem o que sentem com relação Àquele que morreu pelos seus pecados.

“Eu não posso falar muito por Cristo”, disse uma senhora cristã idosa e de pouca escolaridade, “mas se eu não posso falar por Ele, eu posso, sim, morrer por Ele!”

O amor a Cristo será a marca distintiva de todas as almas salvas no céu. A multidão que homem algum pode enumerar terá uma só mente. Antigas diferenças se unirão em um sentimento comum. Antigas peculiaridades, que na terra foram firmemente disputadas, serão então encobertas por um senso comum de débito a Cristo. Lutero e Zwinglio não mais diferirão. Wesley e Toplady não mais gastarão tempo em controvérsias. Líderes religiosos e seus dissidentes não mais devorarão uns aos outros. Todos se encontrarão unidos em uma só voz e coração, cantando o conhecido hino de louvor: "Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a Ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!" (Apoc. 1:5-6)

* Elizabeth Julia Hassel nasceu em uma rica família que residia próximo a Penrith, na Inglaterra. Ela foi educada em casa e aprendeu sozinha o Latim, Grego, Espanhol e Português. Ela era uma especialista em literatura clássica e contemporânea e publicou numerosos artigos e resenhas, mas ela também estudou teologia extensivamente e escrever grande número de obras teológicas.
Além do estudo e da escrita, Elizabeth promoveu a educação e o bem-estar geral do distrito em que vivia, frequentemente caminhando grandes distâncias, através dos montes, a fim de ensinar nas escolas destes vilarejos ou de proferir discursos. Esta prática provavelmente lhe trouxe a um falecimento precoce; no seu desejo de fazer o bem a uma população extensa e muito espalhada geograficamente, ela muitas vezes ignorou o seu cansaço e sofreu uma frequente exposição à chuva e ao frio.
Ela escreveu várias obras devocionais, incluindo: The Rock: And Other Short Lectures on Passages of Holy Scripture (1867), de onde a devocional acima foi extraída; Short Family Prayers (1884); e Bible Partings (1883). Na primeira obra, ela expressa o seu desejo sobre o que escreveu da seguinte maneira: "As seguintes páginas, sobre temas sagrados, foram escritos para a minha própria classe de jovens mulheres. Que este volume possa falar aos pobres, aos doentes, e aos que experimentam sofrimentos ou que não possuem muito tempo para leituras devocionais".   


quinta-feira, 29 de novembro de 2018

NOVIDADES - NOVO CD E NOVO BLOG

Queridos leitores, 



É com muita alegria no coração e gratidão a Deus que, nesse fim de ano, anunciamos a vocês uma novidade muito especial: Estamos preparando dois presentes para vocês: um novo CD Infantil e um blog novo, bem mais moderno e intuitivo e com loja virtual (quase pronta) para vender os nossos Materiais.

Confira tudo no novo blog: macasdeouroblog.com

Esperamos vocês por lá!

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Capítulo 4 O Anel Perdido

Capítulo 4 
O Anel Perdido

Mary mal havia saído do castelo quando a Confessa perdeu um elegante anel de diamante e ninguém, senão Mary, havia estado no quarto onde ela o tinha deixado, a suspeita naturalmente caiu sobre ela. A jovem Condessa estava profundamente triste com isso e rogou a sua mãe que ocupasse a perda por um tempo e permitisse que ela fosse ao chalé para persuadir Mary a devolver o anel, a fim de que ela ficasse a salvo da exposição e da desgraça.

Mary tinha acabado de dobrar seu vestido novo e colocá-lo em seu guarda-roupas quando ela ouviu passos apressados no jardim e a jovem Condessa apareceu, pálida, trêmula e quase sem ar. Mary mal podia imaginar, quando estava experimentando o lindo vestido que Amélia tinha dado a ela, que ela seria mais tarde suspeita de ser uma ladra e ficou surpresa ao contemplar a jovem Condessa entrar em seu pequeno quarto.

“Oh Mary”, exclamou Amelia, “o anel de diamante da minha mãe foi perdido e ninguém foi ao quarto senão você. Eles suspeitam de você - eles a acusam de ter pego o anel. É possível que você tenha feito isso? Se você foi tentada a fazer isso, querida Mary, devolva-o rapidamente e nada mais será dito. Ninguém nunca saberá coisa alguma sobre isso; apenas me devolva o anel”.

Mary, como bem se poderia esperar, ficou aterrorizada e pálida. Ela declarou que não tinha visto o anel, nem tocado nele, nem sequer tinha se movido do lugar onde estava sentada quando estava no quarto. 

“Mary, Mary”, disse Amelia com seriedade, “eu imploro que você me diga a verdade” e ela continuou a pedir que lhe devolvesse o anel. Ela disse que ele era de um valor muito grande e que se soubesse disso, ela nunca teria tocado no anel. “Talvez”, ela disse, “você tenha pensado que seria apenas uma brincadeira sem consequências. Oh, querida Mary,  se você o tocou, confesse e isso será perdoado, como um ato infantil e impensado”.

Com o tempo, Mary compreendeu o completo horror da suspeita que tinha caído sobre ela. Pálida como morta e se tremendo totalmente, os seus sentimentos eram profundos demais para lágrimas. “De fato, minha senhora”, ela disse, “eu não sei de qualquer coisa sobre o seu anel”. “Verdadeiramente”, disse ela, “não tenho nenhum anel. Eu nunca me atreveria a tocar aquilo que não pertence a mim, muito menos roubar. Meu querido pai sempre me ensinou a não pegar nem mesmo um alfinete que pertencesse a outra pessoa. Ah, você precisa acreditar em mim”.

Nessa hora, o senhor entrou - ele estava fazendo o seu trabalho no jardim quando viu a jovem Condessa passar rapidamente pelo jardim sozinha. Essa visita incomum e o seu olhar de alarme e pressa o fizeram suspeitar de que algo estava errado; e quando ele soube do problema, ele ficou tão impactado que foi obrigado a se segurar na ponta da mesa e afundar em uma cadeira.

“Minha querida filha”, disse o senhor, “roubar um anel desse valor é um crime, que em nosso país é punido com a morte. Mas, isso não é nada -- considere o mandamento de Deus: ‘Não furtarás’. Você esqueceu do Santo mandamento de Deus? O Deus Todo-poderoso e Onisciente, que vê o coração, não pode ser enganado por mentiras ou desculpas de jeito nenhum. Você esqueceu do conselho paternal? Se você se esqueceu de Deus, minha pobre filha, a ponto de ser culpada de tal crime como o que você foi acusada; se você ficou deslumbrada com o esplendor do ouro e das pedras preciosas, oh, não aumente o seu pecado negando; confesse a sua culpa e restitua o anel - essa é a única reparação que você pode fazer. Ah, que eu nunca tivesse de falar isso a você!”.

“Meu pai”, disse Mary, chorando e soluçando, “tenha certeza, tenha muita certeza, de que eu não estou com o anel. Se eu tivesse até mesmo encontrado esse anel na rua, eu não poderia descansar até devolver a seu dono. Sim, de fato, eu não estou com o anel”.

“Olhe essa querida mocinha”, disse o senhor, “a afeição dela por você é tão grande que ela deseja te salvar da mão da justiça. Mary, seja sincera e não diga uma mentira”.

“Meu pai”, disse Mary, “o senhor sabe bem que eu nunca roubei nem um centavo. Eu nunca nem mesmo peguei uma maçã de uma macieira que não fosse a nossa ou peguei uma flor do jardim do vizinho sem permissão, como eu poderia pegar algo mais valioso? Oh, acredite em mim, porque eu nunca menti, como o senhor pode duvidar de mim?”.

“Mary", disse o pai novamente, “olhe meus cabelos grisalhos. Ah, não deixe que eles desçam à cova com tal tristeza. Me poupe de tão grande aflição. Diga-me, diante do seu Criador -- cujo reino não tem lugar para ladrões -- diga-me se você pegou o anel”.

Mary levantou os olhos e da maneira mais solene afirmou a seu pai que ela era inocente.

James ainda perseverou. Ele estava ansioso para testar sua filha até ao extremo. “Minha filha”, ele disse, “não leve meus cabelos grisalhos à cova com essa tristeza. Me poupe da agonia de ver você persistir no pecado. Eu te peço solenemente, como que na presença de Deus, que vê seu coração, diante de quem você deve um dia aparecer, me diga se você está com o anel. Eu imploro que você pense bem e fale a verdade!”.

Mary levantou seus olhos, agora cheios de lágrimas, e com suas mãos juntas ela disse solenemente: “Deus é minha testemunha de que eu não estou com o anel. Ele vê meu coração. Na presença Dele eu digo ao senhor, eu estou falando a verdade. Eu não estou com o anel - eu nem mesmo o vi”.

O senhor estava convencido da inocência de sua filha. “Eu acredito em você”, ele exclamou, “você não ousaria mentir na presença de Deus e aqui diante dessa jovem Condessa e de mim mesmo. E como eu acredito na sua inocência, fique tranquila e não tema nada. Não há nada para se temer na terra a não ser o pecado. A prisão e a morte não são nada comparadas a uma consciência culpada. Se você está destinada a sofrer injustamente, se todo mundo nos abandonar, Deus não nos abandonará. O que quer que aconteça, então, coloquemos nossa confiança em Deus. Nele nós encontramos um amigo, um consolador e tudo irá bem, pois Ele diz que: “Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia”.

As lágrimas da Condessa Amélia estavam caindo rapidamente durante essas palavras. Ela as secou rapidamente e disse: “Verdadeiramente, quando eu ouço você falar dessa maneira, eu também acredito que você não está com o anel. E, ainda assim, quando eu olho para as circunstâncias, onde ele pode estar? Minha mãe sabe exatamente o lugar onde ela o colocou e nenhuma alma viva esteve lá a não ser Mary e tão logo quanto ela saiu, minha mãe perdeu o anel. Mamãe mesmo ainda o procurou em todo canto do quarto cuidadosamente, mais de uma vez. Ela não recebeu ninguém, nem eu mesma, até que ela tivesse plena certeza de que o anel não foi achado no quarto. Quem, então, poderia ter pego?”

“É impossível que eu saiba dizer isso”, respondeu James, “Deus nos enviou uma provação severa, mas, tudo bem. A vontade Dele será feita. Que Deus nos prepare; a arado foi colocado profundamente. Mas o que quer que aconteça”, disse ele, olhando para o céu, “eu estou pronto. Dá-me apenas a Tua graça, ó Deus, é tudo o que eu peço”.

“Ai”, disse a jovem Condessa, “eu retorno para o castelo com o coração pesado, de fato. Esse para mim é apenas um aniversário triste. Minha mãe ainda não falou com ninguém sobre o assunto a não ser comigo; mas não será mais possível guardar esse segredo. Ela deveria usar o anel hoje; pois meu pai, que esperamos para o almoço, perceberá imediatamente que ela está sem ele. Ele o deu a ela no dia em que eu nasci e ela nunca deixou de usá-lo em todos os aniversários seguintes. Ela acredita que eu o levaria de volta. Adeus”, continuou Amélia, “eu direi que considero você inocente, mas quem acreditará em mim?” Amélia, cheia de tristeza, saiu com os olhos cheios de lágrimas. 

O pai de Mary sentou-se numa cadeira, descansou sua cabeça sobre suas mãos, e com os olhos fixos no chão, começou a orar silenciosamente. As lágrimas caíam sobre suas bochechas enrugadas. Por muito tempo, ele ficou sentado assim - eles não sabem por quanto tempo. Quão terrível é a tristeza silenciosa e sem palavras.

Por fim, Mary se levantou e se prostrou de joelhos, onde ela encontrou alívio numa enxurrada de lágrimas. “Ah, meu querido pai, acredite em mim. Ó, fale comigo! Me deixe ouvir novamente que o senhor acredita que eu sou inocente”.

Ele a levantou gentilmente e, fixando os olhos em sua face verdadeira e confiável, ele disse: “Sim Mary, você é inocente. Esse olhar, onde a integridade e a verdade estão pintadas, não pode ser o olhar do crime”. 

“Oh, meu pai”, adicionou Mary, “qual será o fim disso? O que está nos aguardando? Se isso fosse uma ameaça só a mim, eu me submeteria sem dor, mas que o senhor, meu pai, pudesse sofrer por causa disso, é uma ideia que eu não suportaria”.

“Tenha confiança em Deus”, respondeu seu pai. “Tenha coragem; nenhum cabelo de nossa cabeça pode cair no chão sem a permissão do Senhor. Ele sabe o que é melhor. Isso será, contudo, para nosso bem, e o que mais poderíamos desejar? Não fique atemorizada, mantenha a mais pura verdade. Quando eles ameaçarem - quando eles prometerem, não se aparte da verdade, nem um pouquinho; não fira a sua consciência. Uma consciência limpa é um bom travesseiro. Sem dúvidas, seremos separados; seu pai não estará mais presente para consolar você - pense apenas em se achegar mais ao seu Pai que está no céu. Ele é um protetor poderoso da inocência e nada pode nos separar do amor de Cristo”.

De repente, a porta se abriu com um barulho. O oficial de justiça entrou, seguido por outros guardas. Mary começou a chorar e se jogou nos braços de seu pai. “Separe eles dois” disse o oficial, com seus olhos cheios de ira. “Algeme as mãos da menina e leve-a para a prisão, leve o pai sob Guarda também. Ocupem a casa e o jardim, procurem em todo lugar, não deixe ninguém entrar até que todos os lugares tenham sido vasculhados”. 

Os oficiais  prenderam Mary, que se agarrou a seu pai com toda a sua força, mas eles a arrancaram dos braços de seu pai e amarraram as suas mãos. Ela desmaiou e, nesse estado, foi levada embora. Quando eles conduziram o pai e a filha pela rua, uma multidão se ajuntou pelo caminho. A história do anel se espalhou por toda a vila, os vizinhos se amontoaram ao redor do pequeno chalé do jardineiro. Se ouvia as pessoas falando as mais diversas opiniões. Bons e caridosos como James e Mary eram, ainda assim haviam inimigos que se regozijaram na queda deles. Mary, mesmo que gentil e amável com todos, nunca tinha se misturado muito com as pessoas do vilarejo. Ocupada com as flores, com o gosto refinado pelas instruções de seu pai, ela não gostava da fofoca vulgar e tola das mulheres da vila, que por sua vez odiavam-na por sua superioridade a elas que não podiam evitar sentir, mesmo que não reconhecem isso.

O conforto que James e sua filha tinham adquirido com a força do trabalho e economia despertara muita inveja. Havia até mesmo alguns que tinham muito prazer em exercitar suas línguas maliciosas.

“Agora”, disse alguém, “nós sabemos de onde todas essas coisas boas vêm, que nós não entendíamos até agora. Se esse é o método, não é um grande mérito viver em abundância e se vestir melhor do que qualquer vizinho honesto”.

Contudo, a maioria dos habitantes de Eichbourg mostraram sincera compaixão para com James e sua filha, e muitos pais e mães diziam: “Verdadeiramente, até os melhores são passíveis de queda - quem poderia acreditar nisso sobre essas pessoas boas?”. Outros diziam: “Talvez não seja o que estamos pensando. Que a inocência deles apareça no dia do julgamento e quando ele chegar, que Deus os ajude a escapar dos terríveis males que agora estão sobre eles!”.

Muitas das crianças da vila se ajuntaram em grupos e choravam por Mary e seu pai enquanto passavam. “Ah não!”, elas diziam, “se eles os enviarem para a prisão, quem nos dará frutas e flores? É errado mandá-los para a prisão, isso não deveria ser feito”.


Triste criança, enxugue teu choro
Há alguém que conhece tua dor
Alguém cuja misericórdia não falha
E deseja tua alma aliviar
Ele, teu Salvador,
Permanece fielmente, dos amigos o maior.

Triste criança, te deixaram 
Aqueles em quem suas esperanças estavam
Jesus chama e recebe a ti.
Com um amor que nunca acaba
Ouça, ele te chama,
Busque o lar para pecadores criado.


P. HUTTON